É o fim do Instagram?
A rede social anunciou mudanças que vão transformá-la completamente nos próximos meses. Já pensou em como isso vai impactar você?
Meu mundo caiu.
Na quinta-feira passada (1/7), o diretor do Instagram veio a público dizer que a rede social oficialmente não é mais uma plataforma de compartilhamento de fotos. E sim uma plataforma de vídeos e de entretenimento. Bastaram essas palavras para muitas empresas e pessoas que produzem conteúdos para suas marcas pessoais se verem dentro da música da Maysa – cantora que fez sucesso entre as décadas de 1960 e 1970.
Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
É pra lidar com essa dor, entender quais são os próximos passos da rede social e te preparar para o futuro, que fizemos a CoolBox de hoje. Pega o lenço, mas também o caderninho pra planejar seus próximos passos e vem.
Não sei se me explico bem
Olha, a coisa tá séria. O Instagram está vendo sua posição ameaçada como nunca antes. Porque como herdeiro legítimo do Facebook, a expectativa dele era se tornar a principal rede social do planeta e não é bem o que está acontecendo. Os obstáculos: o YouTube, com mais de 2,2 bilhões de pessoas cadastradas (1 bilhão a mais que o Instagram), e o TikTok, se aproximando muito rápido e contando já com um público de quase 700 milhões de tiktokers. O que levou Adam Mosseri, diretor do Instagram, a afirmar:
Há muita competição, o TikTok é enorme, o YouTube também. As pessoas estão buscando o Instagram pelo entretenimento e há muita concorrência.
E foi a partir desse contexto que ele anunciou as principais mudanças.
Sei que você me entendeu
De acordo com Mosseri, os principais focos das mudanças na plataforma são quatro:
Criadores de Conteúdo
Vídeos
Compras
Mensagens
Ele não deu detalhes de todos, mas sobre o primeiro, disse que a rede social vai ajudar as pessoas que criam conteúdo a fazer dinheiro – algo que outras plataformas como TikTok, YouTube e Substack já andam fazendo. Sobre Compras, a ideia é investir cada vez mais no comércio dentro do próprio aplicativo. Três anos atrás a ex-VP de Vendas da Apple já dizia que o Instagram é um grande shopping. Imagina o que ela deve estar pensando agora.
Em relação ao quarto ponto, ele pontuou que as pessoas mudaram a forma como se conectam com suas amizades mais próximas e o Instagram precisa acompanhar esse movimento. As conexões pessoais estão indo de espaços públicos (como o feed e o stories) pra lugares mais íntimos (como a famosa DM ou mensagem direta). A gente aqui na CoolHow, que analisa as tendências de comportamento há mais de 10 anos, sabe que esse movimento está sendo criado principalmente pela Geração Z, que não tem o mesmo apetite por se exibir que a geração anterior, Millenials, que vê as redes sociais como espaços de construção de suas marcas pessoais.
Eu nada pedi
Nós não esquecemos do segundo item (vídeos). Ao contrário, precisamos falar mais sobre ele, porque foi justamente o que Adam Mosseri disse sobre vídeos que deixou muitas pessoas arrasadas com os novos rumos da rede social. Algumas mudanças anunciadas:
Recomendações: você pode, nos próximos dias ou meses, começar a ver vídeos de pessoas que não segue, surgindo no seu feed. Te lembra o #ForYou do TikTok?
Novos formatos de vídeo: tela cheia, imersivos e focados na experiência mobile de entretenimento.
Por falar em entretenimento, são vídeos com essa pegada que serão priorizados pelos algoritmos.
Com essas chocantes novidades, rolaram discussões interessantes e por vezes acaloradas em diversos feeds por aí. Muitas pessoas dizendo que não pediram nada disso para o Instagram e não querem ser obrigados a fazer dancinhas ou vídeos engraçadinhos em troca de audiência. Mas calma.
Traduzindo
O Instagram sentiu a pressão. Fizeram pesquisas e descobriram que a maioria das pessoas quer se entreter na plataforma. E o que elas tem feito pra isso? Elas tem buscado vídeos. Por isso, os dois elementos se tornaram inseparáveis e estratégicos, não só para o Instagram, mas para os outros concorrentes, que vão além de TikTok e YouTube. Segundo especialistas, tem dois mundos aparentemente diferentes se fundindo em um só. Dá uma olhada nesta fala do Kirby Grines, fundador e CEO da empresa de consultoria estratégica 43Twenty, em matéria do Yahoo! Finanças:
Embora ainda seja comum para consumidores e executivos da indústria considerar os serviços de cabo e streaming de vídeo como ‘TV’ e plataformas como TikTok, Facebook e Instagram como ‘mídia social’, eles são apenas um só.
Quer dizer, plataformas de streaming (Netflix, Amazon Prime, HBO Max, etc) e redes sociais estão competindo pelo mesmo espaço. Não por acaso, a Netflix citou uma rede social (o TikTok) como concorrente pela primeira vez, no ano passado.
O que significa que o Instagram, com suas mudanças, além de estar mirando nos comportamentos da Geração Z, também está se preparando para uma grande batalha.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Nem precisamos falar de impacto, né? Já dá pra perceber que ele será grande, principalmente pra quem aposta no Instagram como a principal forma de se comunicar com seu público. Se é o seu caso, nossa recomendação urgente é: olhe para outros canais. Não apenas redes sociais, mas elas também. Tem redes com outras vocações por aí, para além do entretenimento. O Pinterest, por exemplo, que vem sendo visto como grande aposta para as pessoas órfãs do jeitinho “lugar de inspiração” que o Instagram tinha antes.
Entretanto, a gente gosta de falar também sobre lugares que são mais proprietários, como grupos, canais e listas de transmissão em aplicativos de mensagens (Telegram e WhatsApp), além dos bons e velhos e-mail, site e blog. É hora de se recompor e olhar para o horizonte.
Pra pensar e agir: importa mais o vínculo que você forma com as pessoas, do que o espaço em que isso vai acontecer. A plataforma é importante? Claro, mas ela acabou ganhando uma relevância maior que deveria e nos tornou reféns.
Ah, eu poderia tatuar estes versos:
Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar
— Maysa, na letra da música Meu Mundo Caiu (sim, os subtítulos desta CoolBox também são versos da mesma música)
Radar do Conteúdo – novidades da semana:
Vídeos de 3 minutos no TikTok: rede social vai aumentar duração de suas publicações. (G1)
No dia seguinte ao anúncio do Instagram, a Globo divulgou que vai ampliar a produção de vídeos curtos originais e expandir em suas plataformas digitais o Dropz – formato semelhante ao TikTok. (UOL)
Por falar em entretenimento: podcasts de entretenimento são os mais comentados no Twitter brasileiro. (B9)
Programa de parcerias do TikTok tem levado várias gravadoras e artistas a levarem os lançamentos de suas músicas do Instagram para a rede social chinesa. (BOL)
Só pro seu prazer: uma versão bonita e animadinha de Alice Caymmi para a música Meu Mundo Caiu. Pra gente ver que tá ruim, mas com energia boa vai melhorar. (YouTube)
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