Spotify: "2021 é o ano do renascimento cultural"
Saúde mental, experiências sonoras imersivas e cocriação com artistas e podcasters são tendências apontadas pelo Spotify em pesquisa recém-lançada.
Parece que foi de propósito.
Depois de uma edição da CoolBox tão musical como a nossa anterior, vamos falar do universo sonoro. Mas a gente promete, é apenas uma grande coincidência.
Quem nos levou ao tema desta edição foi a pesquisa anual do Spotify, chamada Cultural Next, que acaba de ser divulgada. Ela investiga o consumo de conteúdo em áudio e aponta quais são as tendências em diversos países do mundo – inclusive no Brasil – dentre as pessoas da Geração Y ou Millenials (26 a 40 anos) e da Geração Z (16 a 25 anos).
Segundo Dawn Ostroff, diretor de conteúdo e publicidade do Spotify, "se 2020 foi um ‘alerta cultural’, 2021 está se preparando para ser um renascimento cultural”. E o áudio vem desempenhando um papel muito importante nesse processo. O relatório completo aponta os impactos e tendências para ouvintes, criadores e anunciantes. Fizemos um resumo pra você, apenas das tendências relacionadas aos ouvintes. Queremos te mostrar como as mudanças de comportamento dos públicos podem representar ótimas oportunidades de criação de conteúdo para sua marca. Pega seu fone de ouvido, coloca aquela playlist que te ajuda a manter o foco e vem.
Ambientação Sonora
Os resultados da pesquisa mostram como o conteúdo digital tem grande influência e impacto na nossa percepção de bem-estar. Por isso, estamos saindo de uma overdose de conteúdo em busca de um consumo de mídia mais equilibrado e que os traga mais satisfação. As gerações Y e Z veem no áudio um aliado para aliviar o estresse:
91% da Geração Y no Brasil usa áudios para aliviar o estresse.
71% da Geração Z adota o mesmo comportamento.
A diferença entre elas está no como. Millenials apostam na nostalgia reconfortante, o que pode ser traduzido como músicas dos anos 70 e 80 e de hinos do rock dominando a fila de reprodução. As playlists meditativas também tem seu lugar, para essa finalidade. De acordo com 87% das pessoas da Geração Y, o áudio é um recurso de saúde mental.
Já para a Geração Z, a resposta na busca de bem-estar é composta por podcasts de pensamento positivo, músicas preferidas no modo repeat e som ambiente.
66% dos membros da Geração Z disseram que o áudio os ajudou a se sentirem menos sozinhos no ano passado.
Pra fechar e falar apenas em podcasts, os programas de áudio com temas relacionados à saúde mental, espiritualidade, autoajuda e saúde (em geral) experimentaram um crescimento de consumo acima da média no Brasil entre as duas gerações. Em comparação com o primeiro trimestre de 2020, podcasts de saúde mental cresceram 370% na Geração Z e 381% na Geração Y, nos três primeiros meses deste ano.
Experiências imersivas
Além dos benefícios ligados à saúde, as duas gerações também estão usando o áudio para se transportarem a novos lugares. Reais ou fictícios. Como? Através de shows ao vivo, podcasts de ficção e playlists para acompanhar outra atividade que pede imersão, como jogar videogame, por exemplo. Dá uma olhada nos números da pesquisa que selecionamos pra você entender melhor esse comportamento:
74% da Geração Y no Brasil acredita que o áudio é o tipo de mídia mais imersivo.
65% das pessoas gamers Millennials e 56% das Zs concordam que a escolha de músicas para acompanhar um jogo é importante.
O tempo gasto com streaming do Spotify através de consoles de jogos no Brasil teve um aumento de 55% entre o primeiro trimestre de 2020 e primeiro semestre de 2021.
72% das pessoas da Geração Y e 50% das Geração Z pretendem continuar assistindo a shows virtuais após o fim da pandemia, por serem mais baratos e práticos que as experiências no mundo tangível.
Cocriações sonoras
Nem tudo é consumo. Aliás, o lugar de consumo passivo não faz mais sentido para as novas gerações. Colaboração é a palavra. Seja com artistas da música, podcasters ou marcas, as Gerações Y e Z estão redefinido o lugar e o papel de ser fã.
76% das pessoas Millenials e 65% das Zs que criam conteúdo (música ou podcast) disseram que o feedback de fãs ou seguidores faz parte de seus processos criativos.
Uma forma de fazer isso acontecer é através da criação de comunidades, seja em redes sociais abertas, como Instagram e TikTok, sejam em grupos fechados e pagos, como no OnlyFans.
Além disso, comunidades que se formam a partir do gosto musical, acabam depois ganhando novos contornos, sendo também um espaço de compartilhamento de paixões, causas e posicionamentos políticos.
Traduzindo
A pesquisa do Spotify, além de outras informações e dados de mercado, comprovam não apenas o crescimento do streaming de áudio e vídeo – 98% das pessoas com acesso a internet no Brasil consomem esses formatos, segundo a Kantar –, como também a busca pela customização no consumo de conteúdo e cultura. Desejamos ter acesso aquilo que precisamos ou queremos, no formato e na hora que faz mais sentido pra nós. E queremos que esses conteúdos respondam ao que estamos vivendo em tempo real: busca por conforto, por companhia, por imersão, por expressão criativa, relaxamento, etc.
Se por um lado, fica mais desafiador compreender esse contexto e oferecer exatamente o que as pessoas buscam, por outro, a tecnologia ajuda a fazer isso de forma mais rápida e barata. Hoje, por exemplo, com a ajuda de aplicativos gratuitos é possível produzir um podcast do início ao fim e publicá-lo nas principais plataformas. Ta aí a Anchor.fm – plataforma de podcast adquirida pela Spotify – pra provar.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Separamos aqui alguns insights para marcas:
Entenda o humor e o clima das pessoas que dialogam com sua marca. Elas se tornam mais receptivas quando a mensagem corresponde ao seu estado de espírito.
Já pensou em produzir um podcast? “Podcasts são um portal para um novo tipo de escola, que combinam informação e entretenimento”.
Ao criar conteúdo, pense em interesses, não em categorias demográficas. “Por muito tempo, "gamer" foi sinônimo de homem jovem. Mas, em 2019, 44% do total de jogadores globais do Spotify Free eram mulheres.”
A Geração Z e a Geração Y não são apenas consumidoras — elas são criadores. “Dê a essas pessoas um passe para os bastidores do processo criativo da sua marca, e a oportunidade de fazer parte dele”.
Crie campanhas de colaboração, incluindo, principalmente os Zs no seu processo criativo. Eles se definem como A Geração Criativa, por isso, não querem ser meros espectadores.
Uma frase que soa como música para os ouvidos:
[As pessoas das Gerações Y e Z] estão criando, descobrindo (e revisitando) conteúdo, construindo comunidades e passando o microfone para vozes que, em outras épocas, não eram ouvidas.
— Culture Next 2021, pesquisa da Spotify que foi base de todo o conteúdo desta CoolBox
Radar do Conteúdo – novidades da semana:
Como jogador do Palmeiras se tornou uma influência literária no Instagram. (BBC)
Skol Pagode: cerveja cria projeto musical (olha aí a tendência!) com Péricles e o grupo Menos é Mais. (B9)
Enquanto o som do paredão toca: Batom de Cereja é o maior hit do streaming no primeiro semestre. (G1)
O Supremo tá ON: Supremo Tribunal Federal cria perfil no TikTok para combater a desinformação sobre a instituição.
Instagram está testando uma nova forma de recompartilhamento de posts e stories. (TechCrunch)
Triste realidade: posts de raiva são os que mais geram cliques e engajamento nas redes sociais. (Gizmodo)
Por falar nisso, já viu nossa série Guia de Bolso, no Instagram? Esta semana mostramos como lidar com conteúdos violentos nas redes sociais. Vem ler nossas dicas.