Você está pensando em pedir demissão?
Boa parte das pessoas está. Como isso pode impactar sua forma de produzir conteúdo?
Na CoolBox falamos muito sobre temas que tem relação direta com a produção de conteúdo, como redes sociais, tecnologia e tendências digitais. No entanto, precisamos abrir espaço também para comportamentos que não são desse universo, mas o impactam diretamente. Alguns temas tem a capacidade de influenciar vários aspectos da nossa vida, inclusive nossa relação com conteúdo digital. E um dos temas mais importantes do tempo que estamos vivendo é: as pessoas estão pedindo demissão.
Quatro a cada dez pessoas empregadas no mundo querem se demitir dos seus empregos. Na nossa edição de hoje você descobre os motivos e como essa história pode influenciar a forma como você produz seu conteúdo.
"A Grande Renúncia"
Alguns anos atrás, o especialista em psicologia organizacional Anthony Klotz cunhou um termo para explicar um fenômeno – diversas pessoas deixando seus empregos, por diversos motivos, e criando um grande realinhamento no mercado de trabalho. O termo criado por Anthony foi a Grande Renúncia. Mal sabia ele que o comportamento cresceria tanto como está acontecendo nos últimos meses.
Só nos EUA, quase 4 milhões de pessoas deixaram seus trabalhos no último mês de Abril. Um recorde que representa quase 3% do número de pessoas empregadas no país. Não é uma exclusividade de lá. De acordo com estudo da Microsoft “The Next Great Disruption Is Hybrid Work – Are We Ready?", 41% da força de trabalho global está considerando pedir demissão.
O que impressiona, além dos números expressivos, é o fato de estarmos passando por um momento de recessão em diversos países do mundo. O que, normalmente, criaria um contexto para a diminuição de pedidos de demissão, não de aumento. Mas não estamos vivendo tempos normais. E as pessoas tem bons motivos para quererem sair.
São quatro os motivos
Anthony Klotz, em artigo da BBC, afirma que existem quatro explicações principais para o movimento que está ocorrendo. Nós sintetizamos assim:
1) As pessoas estavam adiando a decisão, mas chegaram no limite. Muitas já queriam ter chutado o balde logo no início da pandemia e foram segurando as pontas até onde aguentavam.
2) Muitas pessoas, principalmente das gerações mais jovens, já vinham enfrentando desafios relacionados à saúde mental. O isolamento social só fez agravar a situação e impulsionou o “esgotamento do trabalho”.
3) Anos atrás aprendemos com a escritora Cris Lisbôa uma palavra que traduz bem esse terceiro motivo: alumbramento. Algo marcante, como a morte de alguém próximo, se tornou gatilho para um momento de revelação e de emergência de um senso de propósito. As pessoas passaram a se questionar mais: o que eu estou fazendo aqui?
4) Trabalho remoto. Muita gente se deu conta de que poderia trabalhar de forma mais flexível: no tempo e no espaço. Ou seja, trabalhar em dias e horários que combinasse mais com suas rotinas pessoais, e de qualquer lugar do mundo. No entanto, o retorno para as atividades presenciais, se torna uma ameaça a essa aspiração.
Atenção à Geração Z
É global e é em todas as idades. Todavia, jovens entre 18 e 25 anos estão mais intensamente ligados à Grande Renúncia. De acordo com o estudo da Microsoft, 54% da geração Z quer pedir demissão, número mais alto que a média das outras gerações.
Veja o que diz o Editor-Geral Sênior do LinkedIn, George Anders, citado no estudo:
“Nossas descobertas mostraram que, para a Geração Z e para as pessoas que estão apenas começando suas carreiras, este tem sido um momento muito perturbador.”
Traduzindo
O estudo da Microsoft entrevistou mais de 30 mil pessoas em 31 países e descobriu algumas tendências no campo do trabalho:
O trabalho flexível é uma realidade e veio para ficar;
Alta produtividade pode estar escondendo exaustão;
A Geração Z está enfrentando desafios e precisa ser reenergizada;
Com o isolamento, as redes de relacionamento estão encolhendo e ameaçando a capacidade de inovar das empresas;
Uma resposta para a produtividade e o bem-estar é a busca por autenticidade;
As empresas precisam compreender que o talento pode estar em qualquer lugar em um universo de trabalho híbrido.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Vamos dividir a resposta em três partes.
Se sua marca tem relação direta com o universo do trabalho, oferecendo produtos e serviços voltados para carreiras e para o lado profissional das pessoas, faz todo sentido você participar dessa conversa. Crie conteúdos úteis e relevantes sobre transição de carreira, saúde mental no trabalho, trabalho flexível, etc.
Se você empreende ou tem cargo de liderança, podem ter muitas pessoas dentro da sua empresa passando por esse questionamento. E há muito a se fazer. Buscar por profissionais especializados, se aproximar das pessoas (pesquise sobre liderança empática) e abrir espaço para conversa podem ser os primeiros passos.
Por último, rever a forma de trabalho da empresa, tornado-a mais flexível, pode beneficiar não apenas as pessoas que já trabalham aí. Pode também ser um importante atrativo para novos talentos e ainda um ponto positivo para clientes, que adorariam ver sua empresa dialogando com os valores e demandas do nosso tempo.
Eu poderia tatuar essa frase:
Nós mudamos. O trabalho mudou. A forma como pensamos sobre tempo e espaço mudou.
— Tsedal Neeley, professora da Harvard Business School e autora do livro Remote Work Revolution: Succeeding From Anywhere.
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