A Internet é inclusiva?
No aniversário de 33 anos da Internet, estamos puxando uma conversa sobre inclusão digital.
Imagine chegar sozinho em um lugar novo pela primeira vez.
Você chega, mas não tem nenhum anfitrião ou ninguém para te explicar como são as regras da casa. Você observa atentamente, mas não encontra muitas pessoas afins e acaba se sentindo deslocado, como se não fizesse parte daquele espaço.
É assim que muita gente deve se sentir ao chegar aqui na Internet pela primeira vez, mas ainda são poucas as pessoas e marcas criando produtos e experiências pensando nelas para dar as boas-vindas.
Em Março, no dia 13/03, a World Wide Web, nossa querida Internet, completou 33 anos. Sim, ainda é uma jovem adulta.
A CoolBox de hoje é sobre os desafios da inclusão digital, trazendo dados quentes e reflexões para ajudar a guiar nossos passos online pelos próximos anos.
Vem com a gente?
Chega mais, chega mais!
3 bilhões de pessoas no mundo tiveram contato com a Internet pela primeira vez nos últimos sete anos, segundo o relatório "World in Progress — from A to Z" elaborado pelo Google e lançado agora, em março de 2022, como um marco dos 33 anos da Internet.
Isso significa que o número de pessoas presentes no ambiente digital segue crescendo a uma velocidade digna do 5G e que a diferença entre o número de pessoas no mundo e o número de @'s reais online tende a ficar cada vez menor.
Nem precisamos dizer como a pandemia tem acelerado ainda mais todo esse movimento em diversos lugares, já que o distanciamento social fez com que a tecnologia passasse a ser, além de tudo, uma forma de resolver problemas sem precisar se expor desnecessariamente ao risco do vírus.
Quem está fora desse jogo?
Apesar dos avanços, o Brasil hoje ocupa a 36ª posição no ranking global de inclusão digital, segundo pesquisa da The Economist e do Facebook realizada em 2021. No quesito alfabetização digital, nosso país ocupa a inglória 69ª posição.
Cerca de 70 milhões de brasileiros não têm acesso à Internet.
Quando pensamos nesse assunto de inclusão digital, é muito comum vir logo à cabeça aquela imagem clássica de uma vovó apertando os olhinhos, tentando enxergar para clicar nos botões do celular.
Etarismos à parte, já que tem muita vovó dando banho aí em termos de produção de conteúdo - nós falamos sobre os idosos influenciadores, nesse post aqui, de fato, a idade é um dos principais fatores de dificuldade. Mas não é o único.
Outros fatores como classe, deficiências, raça e gênero podem ser barreiras de acesso ao ambiente digital, dependendo do contexto social e político onde essas pessoas estão inseridas.
Imagem: Google em Next Billion Users
"Mobile-first" ou "mobile-only"?
Mobile-first significa que as interfaces digitais, como a de um site, consideram a experiência de navegação pelo celular em primeiro lugar.
Já o mobile-only significa que muitas pessoas acessam a Internet apenas pelo celular. E isso pode se dar por diversos motivos, como o fato de um Smartphone básico com acesso à rede 3G/4G e wi-fi ser mais acessível financeiramente que um notebook, assim como a facilidade/praticidade de ter o celular na mão a qualquer hora.
Assim, vemos que o Smartphone já tem e seguirá tendo um papel central nesse processo de expansão do acesso digital, funcionando como uma porta de entrada.
Essas pessoas que estão chegando e começando agora a usar a Internet, ainda com pouca familiaridade com os recursos e as regras do jogo, são chamadas pelo Google de "Novice Internet Users" - ou simplesmente NIUs.
Os NIUs não são uma exceção: eles podem chegar a representar quase 50% das 4,7 bilhões de pessoas que usam a Internet no mundo.
Em termos de comportamento, esse mesmo relatório do Google apontou que essas essas pessoas costumam preferir imagens e vídeos, tendo mais facilidade com recursos de voz e áudio do que para escrever pelo teclado.
Seja para trazer mais gente para a Internet ou para ajudar as que já chegaram e não estão entendendo muita coisa, precisamos pensar em projetos e iniciativas para promover a inclusão digital, um tema ainda pouco discutido na Internet - e fora dela também.
Nesse processo, a educação (sempre ela) é o eixo central de transformação.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Como dissemos na abertura da News: tem gente nova chegando aqui na Internet todos os dias, mas ainda são poucas as marcas que estão criando produtos e experiências pensando nelas para dar as boas-vindas ou ajudá-las em outras etapas desse processo.
Enquanto a maioria dos negócios parece estar focando em criar apenas para os adolescentes da geração Z no TikTok, tem gente disposta a encontrar (e de fato encontrando) seus "oceanos azuis" com nichos lucrativos.
E um desses nichos pode muito bem ser esse dos recém-chegados digitais, os NIUs.
Por isso, o dever de casa é pensar: qual produto ou experiência uma pessoa nessa situação poderia precisar? Ou melhor, qual problema ou necessidade o meu produto pode ajudar a solucionar?
Se a inclusão digital é um tema que te move e faz sentido em seu posicionamento, vale a pena começar agora a pensar em formas de resolver esse problema, buscando mais referências sobre o assunto.
Conecte-se com outras pessoas interessadas na questão e vá em frente: é um caminho promissor.
Eu poderia emoldurar essa frase:
"Agora se eu quiser reservar uma passagem de trem, eu consigo fazer isso sozinha sem precisar da ajuda de ninguém."
— Urmila, uma mulher indiana, ao usar o aplicativo Google Lens pela primeira vez (vídeo)
Radar do Futuro-Presente
CoolHow e grupo Matter&Co são citadas no Diário do Comércio como referência de empreendedorismo em BH (@coolhow)
O Google lançou um material especial chamado "World in Progress — from A to Z" (Mundo em Progresso, de A a Z, em tradução livre).
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