Das bandas às torcidas de futebol, não faltam bons exemplos para ilustrar o comportamento intenso (e muitas vezes controverso) dos fãs.
Lembra dos cactos, o fandom da Juliette - campeã do BBB 2021? Mas o exemplo mais emblemático é com certeza a Beatlemania, que sacudiu o mundo bem antes da Internet existir, nos anos 60.
Para além da música em si, a figura dos "Fab Four" reverberou a ponto de ilustrar todos os tipos de produtos que vendem (e muito) até os dias de hoje.
Vamos imaginar aqui: como você se sente ao assistir um show ao vivo da sua banda preferida, com músicas que remetem à sua infância ou a uma fase bem especial da sua vida?
Isso porque os artistas costumam provocar reações emocionais nas pessoas, não racionais. É uma relação de afeto.
Começando do começo, vamos fazer um breve momento dicionário: a palavra fã vem do inglês, “fanatic”. A palavra fanatismo não é das mais amigáveis - ela carrega em si a ideia de ser algo exagerado, uma obsessão cega ou mesmo uma patologia.
Os antigos fã-clubes hoje são mais conhecidos simplesmente como fandoms, do inglês “fan kingdom" - reino dos fãs, em português.
Via de regra, o fã não existe sozinho.
Ele anda em grupo. E é sobre isso nossa CoolBox de hoje!
Bom dia comunidade
Não é exagero dizer que os seres humanos têm uma necessidade básica de pertencimento. Nesse sentido, ser fã de algo ou alguém é uma chance de encontrar a sua turma, sua galera.
Em última medida, esse tipo de relação entre fãs e ídolos também pode nos ajudar a construir o nosso senso de identidade e isso é bem profundo.
Quando colocamos a palavra-chave representatividade na equação, pensando em artistas mulheres e negros que chegam a lugares de destaque na mídia, por exemplo, começamos a desvendar essa relação complexa.
“O fã é aquela pessoa que se engaja, que vai atrás, que reveste a vida daquilo que ele mais gosta”, definiu o especialista Luís Mauro Sá Martino, em uma matéria da revista Gama sobre o assunto.
Power to the people
Falando em engajamento, como seriam os Beatles em 2022?
A Internet não criou os fãs, mas com certeza trouxe um ambiente propício para que eles se juntassem em comunidades e ainda tivessem uma relação cada vez mais próxima com seus ídolos, que agora investem na humanização de suas imagens no melhor estilo "gente como a gente".
Sabe aquela clássica imagem dos adolescentes acampando dias e noites na entrada de uma casa de show para pegar os melhores lugares na frente?
Agora temos outras formas de interação em redes, com a chance de acompanhar nas redes sociais os bastidores e a vida dessas pessoas que tanto admiramos, podendo ainda comentar, perguntar e enviar mensagens diretas ao invés de cartinhas.
Se o público já tem poder nos dias de hoje como consumidores, imagine o que eles não conseguem fazer quando estão organizados?
Uma relação de paixão e ódio?
Lembra daquele meme "sem defeitos, perfeita, nunca errou?"
O grande risco do comportamento fanático é quando essas pessoas adotam uma verdade absoluta, ou seja, a visão do ídolo e do grupo está 100% certa e o resto do mundo está errado, independente das evidências ou mesmo dos fatos comprovados pela ciência.
Junto com essa paixão intensa, costumam vir também as demandas.
Como o lado sombra desse tipo de relação, há uma enorme pressão que os fãs podem, e muitas vezes exercem, sobre seus ídolos. Uma dinâmica comum é os fãs exigirem posicionamento sobre determinados assuntos ou questões.
E aí quando esse ídolo faz ou fala algo que desagrada, a relação pode ficar abalada justamente porque ele constrói sua imagem e se conecta com seus fãs através da sua visão de mundo, valores e gostos pessoais. É difícil separar o artista da obra.
Assim, um fã ignorado ou decepcionado pode se tornar um hater da noite para o dia.
Percebeu alguma semelhança desse comportamento com o cenário político de polarização que estamos vivendo? Pois é. Voltando ao exemplo dos Beatles, é só lembrar que o John Lennon foi assassinado em 1980 por um fã alucinado.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Sua marca tem fãs?
As "love brands" são marcas capazes de despertar sentimentos positivos nas pessoas, que podem se tornar embaixadores voluntários de seus produtos e serviços.
Para estabelecer essa relação de conexão emocional com o seu público, é muito importante criar conteúdo autoral e alinhado com seu posicionamento de marca.
Se você trabalha com criação de conteúdo e influência digital, já deve saber que a audiência e o engajamento são um pilar essencial para o sucesso desse tipo de negócio, então busque responder os comentários e interagir verdadeiramente com as pessoas como prioridade.
Invista em um atendimento pessoal e afetuoso, pensando em toda a jornada de compra como um relacionamento mesmo. Nosso curso ALMA está com as inscrições abertas, com preço especial, e pode te ajudar nessa missão.
Indo agora para outros universos de empresas, que tal criar projetos para mobilizar e possibilitar a participação dessas pessoas mais engajadas, que podem responder pesquisas ou mesmo co-criar novos produtos?
Outra possibilidade é pensar em formas de atender a esse público mais próximo, como criar experiências VIP ou edições especiais de um produto, seja ele físico ou digital. Que tal?
Eu poderia emoldurar essa frase:
"Muitas das atividades básicas e experiências de fandoms não mudaram com o tempo. Os fãs sempre expressaram sua conexão emocional com a mídia e compartilham suas paixões dentro de uma comunidade que pensa de maneira parecida”
— Matt Hills, professor da Universidade de Huddersfield - Inglaterra.
Radar do Futuro-Presente
Para aprofundar no tema da CoolBox: 7 pesquisadores brasileiros que estão estudando fãs (Ibpad), a curadoria bibliográfica Estudos de Fãs e o vídeo Cultura de Fã - com Christian Dunker e Marcelo Hessel no canal "Falando nisso".
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