E a palavra do ano é...
Quem acompanha aqui há mais tempo sabe que, em Dezembro, sempre selecionamos uma palavra ou expressão para representar o ano. Já é uma tradição nossa.
Fazemos isso para acompanhar os principais dicionários do mundo, que também escolhem suas palavras. A palavra do ano para o dicionário Collins é "permacrise", para o Cambridge é "Homer" e a de Oxford ainda está na concorrência, em uma votação entre “Metaverso”, “#IStandWith” e “Goblin Mode”.
Para a CoolHow, a palavra do ano é…
Tcharan, tcharan…
Inquietação!
Escolhemos essa palavra porque ela nos ajuda a traduzir o estado de espírito mais provável de prevalecer nesse mundo caótico, incerto e altamente conectado que nos coloca constantemente sob pressão em busca de resultados a serem mostrados.
Tudo ao mesmo tempo agora
Nossa noção de tempo talvez ainda esteja meio embaralhada, então vale a lembrança de que no final do ano passado, 2021, estávamos saindo da toca para reencontrar pessoas queridas. Com tanta turbulência pandêmica, foi necessário muito jogo de cintura para navegar e essa foi a palavra do ano passado: flexibilidade.
Seguindo nesse mesmo contexto e linha de raciocínio, só que agora em outro momento mais otimista (ufa!), nós vivemos um ano… intenso!
Vamos de retrospectiva?
Em 2022 tivemos Guerra na Ucrânia, morte da Rainha da Inglaterra, tentativa de ataque à Cristina Kirchner na Argentina, a chegada do 5G no Brasil, revolução das mulheres no Irã, varíola dos macacos, tapa na cara do Will Smith na cerimônia do Oscar, Eleições Presidenciais no Brasil com transição entre governos, a novela do Elon Musk com a compra do Twitter, as piadas com a nova rede social Koo (não necessariamente nessa ordem). Isso sem falar, claro, na Copa do Mundo que ainda está rolando e em infinitos outros acontecimentos relevantes que nem caberiam aqui.
Pra muita gente, 2022 também foi o ano da volta ao trabalho presencial e todos os reajustes na rotina que isso implica.
Tivemos ainda um boom de megaeventos presenciais - dos grandes festivais de música como Rock in Rio, Coachella e Primavera Sound, às conferências no mundo dos negócios, como o SXSW, WebSummit e o RD Summit. Sabemos que o Covid ainda não acabou, mas temos que considerar, pelo menos aqui no Brasil, que a grande expectativa para o próximo verão é a realização do Carnaval Oficial em várias cidades do país.
Entre a alegria e a euforia
É muito bom poder voltar a viver sem tantas restrições, disso ninguém duvida. O calor humano de um abraço é ainda mais reconfortante depois que a gente passa pelo isolamento. O gosto da liberdade é ainda mais doce depois que a gente perde ela por algum motivo.
Porém, a linha entre a alegria e essa euforia de querer viver tudo ao mesmo tempo agora pode ser bem tênue - ainda mais em um contexto de excesso de informações e estímulos, que chegam principalmente através das telas.
Ao mesmo tempo que o mundo lá fora nos chama para tudo isso, seguimos perdendo tempo e energia no scroll infinito das redes sociais. Em um só clique, milhares de opções de tudo que poderíamos comprar ou fazer nos são apresentadas... O paradoxo da escolha nunca foi tão dolorido.
Além disso, as pessoas, especialmente as menos privilegiadas, estão tendo que trabalhar cada vez mais para conseguirem se sustentar, em uma sobrecarga de demandas que pode levar (e frequentemente leva) a um ponto perigoso de exaustão.
Ah, viu só? Deixamos de citar um fato bem importante na retrospectiva: o Burnout foi listado como doença ocupacional do trabalho pela OMS em 2022 (Exame). E uma pesquisa recente mostrou que 18%, ou seja, quase 1 a cada 5 profissionais de grandes empresas sofrem de esgotamento, a Síndrome de Burnout, no Brasil (GattazHR).
Não por acaso, as discussões sobre saúde mental entraram na pauta e devem ficar. Saindo das sombras do tabu, estamos começando a falar sobre depressão, ansiedade e Burnout com um pouco mais de naturalidade. Que bom.
Credo, que delícia
Voltando à palavra do nosso ano, a inquietação, ou inquietude, tem luz e sombra dentro dela.
No lado positivo (+) da pilha, podemos chegar em uma ideia de movimento, de ação, ímpeto para realizar e até um certo inconformismo, entre outros atributos ligados a uma postura de inovação. Em alguma medida, podemos até dizer que a inquietação é uma condição humana que nos leva a ir em frente.
No lado negativo (-) dessa mesma pilha, caímos facilmente na irritação, ansiedade, agonia, o descuido na pressa e outros riscos que chegam quando estamos nesse frenesi de tentar ocupar todos os minutos na agenda e espaços na cabeça, balançando as pernas impacientemente quando as coisas não acontecem na velocidade que gostaríamos.
É difícil, porém plenamente possível, tomar consciência desses mecanismos para usar a inquietação a nosso favor, como um combustível que vem na hora certa. Sem tantos excessos.
Precisamos ficar em paz com o fato de que ninguém dá conta de tudo e que a nossa lista de pendências nunca estará zerada. Se precisar, leia de novo esse lembrete, que sempre cai como uma luva no fim de ano.
Que as pessoas tenham mais tempo livre para criarem e
curtirem a vida: esse é um dos nossos desejos para 2023!
Mas ainda não encerramos o ano por aqui não, tá? Semana que vem voltamos com uma edição que também já virou tradição aqui na CoolBox: nossas apostas para 2023, com curadoria de tendências.
Até quinta!
Eu poderia tatuar essa frase:
"O ócio é um terreno, um espaço fundamental para que o novo surja, e não a solução em si."
- Ricardo de Almeida Leme, neurocirurgião e chefe da área de neurocirurgia pediátrica do Hospital Infantil Sabará.
Radar do Futuro-Presente
Clima de Copa: Copa do Mundo rende 2,8 milhões de menções nas redes sociais (Meio & Mensagem)
Ô, vício: Pesquisa mostra os hábitos de comportamento dos brasileiros no celular (Forbes)
Mais retrospectivas: Pesquisas do Ano (Google Trends) | Os conteúdos mais assistidos de 2022 no YouTube (YouTube Culture & Trends Team)
Novas redes sociais: Apple elege o BeReal como o aplicativo do ano de 2022 (Apple)
Socorro: O custo de vida médio aumentou 8,1% em 2022 (CNN Brasil)
Uma boa notícia para fechar com alto astral: Nova vacina contra o HIV, em fase experimental, induziu resposta imunológica em 97% dos participantes do estudo (O Globo).