Se em 2018 as Eleições Presidenciais no Brasil foram marcadas por escândalos envolvendo vazamento de dados, fake news e o Facebook, em 2022 já temos um cenário bem diferente no mundo digital.
O Facebook (a empresa, que agora é Meta) está em declínio.
O TikTok cresceu e apareceu.
A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) entrou em vigor.
Uma coisa não mudou nesses 4 longos anos: as redes sociais continuam tendo um impacto gigante nas Eleições. E todo mundo está de olho nisso 👀
Muita calma nessa hora
Na velocidade acelerada que estamos vivendo, 4 anos podem ser suficientes para produzir mudanças significativas na cultura. Mas calma, respira fundo. Vamos fazer o que a gente sempre faz aqui na CoolBox e começar do começo, contextualizando o assunto primeiro para construir um raciocínio juntos.
Não sabemos a sua idade, mas se você está perto dos 30 ou já passou deve lembrar que, em um passado recente, falar de política era um tabu.
Pois é, só que aos poucos a política vem deixando de ser mais um daqueles assuntos-que-não-se-discutem para fazer parte das conversas cotidianas, do churrasco dos amigos à ceia de Natal com a família. Isso sem falar nas conversas entre prateleiras e filas do supermercado, com os preços dos alimentos nas alturas.
A política está por aí, em todo lugar.
Nessa dança entre o tio do pavê e um jovem queer em uma mesma mesa podem haver muitos conflitos, mas também pode surgir algum entendimento, respeito e harmonia. Assim esperamos!
Quando pensamos no terreno das redes sociais, porém, as conversas ganham outros contornos próprios de um campo minado: os algoritmos podem ser programados para nos fazerem ver apenas o que já gostamos e concordamos ou então para premiar e estimular as ~polêmicas~ nos comentários.
Sabe quando a gente vê algo muito absurdo e compartilha para criticar? Então, para o algoritmo, isso serve como alimento que pode fazer aquele conteúdo alcançar MUITA gente nova.
Sim, às vezes é difícil se segurar para não comentar os acontecimentos que nos afetam, mas é importante ter pelo menos a consciência de como as redes sociais funcionam para avaliar, respirar e pensar duas vezes antes de dar audiência para alguém.
Eu acredito é na rapaziada
Neste ambiente virtual, a Geração Z é, muitas vezes, injustamente subestimada e reduzida às dancinhas do TikTok, mas na rede vizinha já tem muita gente usando o formato da plataforma do momento para produzir conteúdo que se comunica com os adolescentes através do "infotenimento" (uma mistura de informação com entretenimento).
Um exemplo foi uma campanha recente, que rodou bastante no Instagram também e contou com o apoio de famosos como a Anitta, Juliette e Bruna Marquezine, incentivando jovens de 16 anos a tirarem o título de eleitor e votarem ainda em 2022.
O resultado? Mais de 2 milhões novos eleitores, de 16 e 17 anos, registrados entre janeiro e abril de 2022. Esse número é 47,2% maior que o registrado no mesmo período em 2018 e representa um recorde! (Nexo)
Apesar de apresentarem alguns comportamentos preocupantes ligados a esse estilo de vida mais digital, por outro lado a galerinha da Geração Z tende a ser mais engajada e envolvida com a política, o que pode estar contribuindo com esse processo de trazer os assuntos espinhosos cada vez mais para o centro das rodas e das redes.
Quer ver? Um estudo comandado pela Verizon Media mostrou que o número de jovens que se interessa por conteúdos de teor político cresceu 72% em comparação ao ano de 2016.
A ativista pelo clima Greta Thunberg, de 19 anos
Já falamos sobre isso antes em outras discussões, mas vale repetir porque é preciso internalizar de uma vez por todas: as pessoas, sobretudo esses mais jovens, estão cobrando posicionamento das marcas. ESG não é uma modinha passageira, nem uma tendência. É uma necessidade do planeta.
Quem bota a boca no trombone?
E quando a gente fala de marcas, estamos incluindo também os artistas, figuras públicas e influenciadores.
Apesar dessa demanda estar vindo das próprias pessoas e da sociedade de forma geral, no Marketing de Influência o caminho escolhido pelas empresas contratantes ainda parece ser o de silenciamento.
Agências grandes de influenciadores como a Mynd já relataram publicamente, em uma entrevista para a PropMark, que é comum ter cláusulas restritivas em contratos de publicidade que proíbem influenciadores de se posicionarem politicamente, especialmente agora em ano eleitoral.
Uma pesquisa recente da YOUPIX, lançada esse ano, investigou justamente essa relação entre o Marketing de Influência e as Eleições. Você pode baixar gratuitamente o relatório aqui, mas vamos destacar alguns dados que nos chamaram a atenção: no lado das marcas, 77,3% afirmam que o posicionamento do creator afeta na contratação de forma geral. Quase 40% deixaria de contratar um creator por ele declarar apoio a algum partido ou candidato e 53% cancelaria um contrato vigente caso isso acontecesse.
Já no lado dos creators, quando questionados sobre o motivo de não produzirem conteúdo sobre temas políticos, o medo de receber haters e críticas pesadas, de afetar família ou pessoas próximas e/ou de perder jobs e contratos são as principais justificativas. Ou seja, o debate político anda violento e as pessoas não estão se sentindo seguras para falar sobre isso nas redes sociais.
Para quem cria conteúdo como profissão, fica cada vez mais difícil encontrar o ponto de equilíbrio entre os interesses da sua própria audiência e das marcas que monetizam seu negócio através de #publis.
Mesmo sem consenso, a gente acredita que está prevalecendo o entendimento de que artistas e comunicadores possuem um papel social e que se posicionar é preciso.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, negócio ou carreira?
Retomando a pergunta do título, o que eu e você temos a ver com isso?
Tudo. A política tem um impacto direto ou indireto em nossas vidas e em nossos negócios, mesmo que nem sempre a gente se dê conta disso.
Mas vamos lá, em termos práticos: quanto mais perto estivermos de Outubro, mais congestionadas e caóticas estarão as redes sociais. Já é esperada uma diminuição de alcance e engajamento, porque a atenção das pessoas estará ainda mais dispersa (e disputada) do que o normal.
Sobre o conteúdo em si, nossa sugestão é contratar pessoas diversas para o seu time, renovando os olhares sobre os temas dos seus conteúdos e campanhas e assim evitando possíveis "erros" que não vão mais passar batido daqui para a frente.
Outro caminho importante é investir em ESG de verdade, assim como em treinamentos internos e consultorias especializadas para afinarem seu posicionamento como marca.
-> Leia também a CoolBox: Além do horizonte - Diversidade & Inclusão como caminho para a inovação
Outra dica é manter um cuidado redobrado com o seu planejamento e com o timing das suas publicações.
Caso sua marca esteja no alvo por algum motivo ou passe por uma tentativa de cancelamento, não caia no desespero. A resposta precisa ser rápida, mas não instantânea.
Em um gerenciamento de crise, é importante ter ou contratar um profissional de Relações Públicas ou de comunicação institucional para te orientar nesse processo: evite fazer notas de posicionamento genéricas ou defensivas.
Para quem trabalha diretamente com conteúdo digital e redes sociais, entenda que faz parte do seu ofício observar, estudar e acompanhar de perto todas essas transformações para captar o tal espírito do tempo.
É para frente que se anda!
Eu poderia emoldurar essa frase:
"Marcas que se posicionam possuem sim haters, porém também possuem pessoas ao lado delas que são muito mais fiéis do que se fosse uma marca “em cima do muro”.
(Fátima Pissarra, CEO da Mynd - agência de influenciadores)
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O problema de acreditar na rapaziada é que a fonte de informações da rapaziada é pobre e, muitas vezes, enviesada. O que está acontecendo agora, em 2022, é muito parecido com o que aconteceu em 1964, quando o Gramscismo influenciou diretamente a formação de ideias e pensamento da geração paz & amor. A história não está baseada em fatos e dados, ela está sendo contada baseada em uma ideologia.