Falar é fácil: cadê o ESG na prática?
O ano está começando e se tem uma coisa que dá para falar com certeza e sem medo de errar, é que não será fácil.
Nunca é.
Como sociedade, ainda temos desafios enormes pela frente. Quer você se importe ou não com as causas sociais e ambientais, os impactos estão sendo sentidos (vide a Covid).
Então pega um café ou uma água, porque hoje o assunto é quente.
A conta sempre chega
Pois se a conta sempre chega, no caso do nosso querido planeta, estamos com uma bem alta na mesa e, pior, é uma conta que não está sendo paga por todo mundo de uma forma equilibrada e justa. Muito pelo contrário.
Nesse sentido, é de se esperar que as pessoas físicas olhem para as grandes marcas e empresas para cobrar, como quem diz: - E aí, não vão fazer nada? Qual parte dessa conta vocês vão se dispor a pagar?
Há um incômodo que vai gerando uma pressão, real e/ou simbólica, para tirar esses agentes de um estado de inércia. O caminho é longo e talvez nem tenha uma linha de chegada, mas precisamos continuar nesse movimento.
Movimento é mesmo uma boa palavra para falar de ESG, cuja sigla vem do inglês Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) – em português, também é conhecida como ASG.
Assim como nas emissões de carbono, as ações ESG seguem uma lógica de mecanismos de compensação. A Shell, por exemplo, é uma grande petrolífera que é também conhecida por patrocinar projetos em áreas como cultura, empreendedorismo social e meio ambiente.
Assim, quanto maior o impacto negativo de uma empresa, maior deve ser seu esforço para compensar essas ações na balança para outro lado ;)
Ô, abre-alas
Não é ONG, mas também não é uma empresa tradicional. Ainda pouco compreendidos, os negócios de impacto social estão crescendo e aparecendo. Diferente de uma empresa que decide implementar políticas ESG em algum momento da sua trajetória ou uma marca que resolve explorar isso em seu Branding, um negócio social já nasce com isso em seu DNA.
Em um relatório de 2019, a Aliança pelo Impacto definiu os negócios de impacto como empreendimentos com a intenção clara de endereçar um problema socioambiental por meio de sua atividade principal, seja um produto e serviço ou a forma de operação. Para atenderem aos critérios, as empresas precisam atuar conforme a lógica de mercado, com um modelo de negócio que busca retornos financeiros. Também é fundamental se comprometer a medir o impacto gerado (The Shift).
Essa definição pode estar se alargando para abraçar também as chamadas "startups de impacto": já são mais de 5.000 cadastradas no mapeamento da Base de Impacto, realizado pela Quintessa e Pipe.Social. Essas duas organizações acreditam e afirmam que o ecossistema de impacto já deixou de ser um nicho para se tornar um tema transversal no mercado.
Nesse sentido, os negócios sociais chegam como reforço no time de quem está lutando para ampliar o alcance dessas pautas nos espaços de discussão e, principalmente, de decisão.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Sempre que falamos sobre ESG por aqui, tomamos o cuidado de reforçar que não é uma mera tendência ou modinha, mas sim uma necessidade, e também que não podemos ter ingenuidade para falar sobre o assunto. As grandes empresas estão olhando para isso, 1) porque estão sendo pressionadas e 2) porque, estrategicamente, isso pode ser lucrativo.
Nesse texto, disponível apenas em inglês, a empreendedora Angela Willard defende que as empresas com práticas de ESG estão mais bem preparadas para enfrentar crises econômicas. Dentre os motivos que ela cita no texto, destacamos dois:
O senso de propósito fortalece os laços nas relações com fornecedores, parceiros e clientes, especialmente em momentos difíceis.
Se forem aplicados também na gestão de pessoas, um desenvolvimento sustentável na empresa pode prevenir o Burnout (esgotamento) e, com isso, facilitar a atração e retenção de talentos.
Se você se animou com a notícia, ótimo, mas é melhor ir com calma, porque, com o amadurecimento dos processos, a tendência é que as pessoas se encantem menos com os discursos bonitos e passem a observar mais as ações práticas. Como diz o ditado: falar é fácil, né?
O Branding e a Comunicação digital são, sim, bastante importantes no processo, inclusive para espalhar a palavra do movimento e incitar outras empresas a seguirem esse caminho, mas não se engane em pensar que falar sobre gênero apenas em Março e sobre raça apenas em Novembro é suficiente. É preciso ir além e se comprometer com as causas que a sua marca quer (e pode) abraçar e, então, trabalhar bastante por isso.
O greenwashing (em tradução literal "lavagem verde"), que fala sobre as falsas aparências de sustentabilidade criadas por marcas, não gera só o risco de "cancelamento" nas redes sociais e crises de credibilidade, mas também possíveis multas financeiras e outras medidas legais. Como é um termo que remete mais ao aspecto ambiental da sustentabilidade, já estão surgindo outros termos, como "Diversity-Washing" para a pauta de Diversidade & Inclusão.
Para fechar com uma inspiração prática de formatos possíveis no campo da ação, vale comentar que empresas como a Ambev e a Natura, por exemplo, trabalham em parceria com startups de impacto: enquanto ela recebe ajuda para alcançar suas metas ESG, os empreendedores conseguem um apoio de peso para o desenvolvimento da solução. São modelos de inovação aberta, com o diferencial do impacto positivo!
Além disso, a interação mais próxima entre empresas novas e mais antigas no mercado tende a ser positiva, contribuindo para mudanças mais profundas na mentalidade e na cultura corporativa.
Quando se trata de ESG, uma boa dica que podemos deixar para as empresas é: comece logo, mas não tenha pressa.
Eu poderia emoldurar essa frase
“Nos negócios de impacto, o paradoxo entre receita e impacto nem existe porque já nascem alinhados no modelo de negócio”
- Anna Aranha, sócia-diretora da Quintessa
Uma novidade para 2023 é que queremos abrir um canal de escuta com você que nos lê. Topa responder umas perguntas rápidas de feedback e sugestões para a CoolBox?
Ei, viu que voltamos a publicar no LinkedIn?
Acompanhe a gente por lá!
Radar do Futuro-Presente
O assunto do momento: demissões em massa raramente dão o resultado esperado (@coolhow).
Outro assunto do momento: Microsoft investe bilhões de dólares na OpenAI, do ChatGPT, e acirra corrida tecnológica (InfoMoney)
O maior feed do mundo: um outdoor na Times Square, em Nova York, com vídeos de 15 segundos feitos por pessoas comuns que podem aparecer lá se você pagar U$40. Você pagaria? (Fast Company)
Redes sociais: O Conselho de Supervisão da Meta solicitou à empresa uma atualização das políticas relativas à nudez de pessoas adultas no Instagram e no Facebook, considerando a liberdade de expressão de mulheres, pessoas trans e não-binárias (Fast Company).
Wikipedia de cara nova: feita com a participação de voluntários espalhados pelo mundo, essa é a primeira reformulação significativa do site em 10 anos, com o objetivo de tornar a experiência mais acolhedora e fácil de usar. Melhorou mesmo! Aqui neste link dá para ver um resumo das principais mudanças.
Baixem os muros da Universidade: Kim Kardashian dá palestra de negócios em Harvard (Forbes)