Finanças pessoais e produtividade: quando a conta não fecha
Recentemente, fizemos uma pesquisa que identificou que boa parte das pessoas que acompanham a CoolHow têm idade acima dos 25 anos. Ou seja, estamos falando com pessoas profissionalmente ativas e que provavelmente irão se reconhecer na CoolBox de hoje. O tema? Um assunto que tem afetado profundamente o presente das nossas vidas profissionais: a ansiedade financeira.
Sim, é difícil encontrar alguém que nunca tenha perdido o sono ou dedicado tempo de trabalho pensando em como equilibrar todas as contas até o final do mês. E quais as consequências disso? Vem com a gente pra saber!
Mais uma ansiedade
Não é novidade que estamos nos tornando pessoas mais ansiosas, sobretudo depois de tudo o que vivemos nos últimos três anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, só no primeiro ano da pandemia de Covid-19 houve um aumento de 25% na prevalência global de ansiedade e depressão.
No Brasil, a situação é ainda mais preocupante, já que estamos falando do país mais ansioso do mundo, de acordo com a OMS, em que 9,3% da população sofre de ansiedade patológica.
As recentes crises econômicas, a alta da inflação, a precarização do trabalho e diversos fatores que já conhecemos contribuem para que o dinheiro seja uma das principais fontes de estresse da vida cotidiana. Quando somos dominados por pensamentos e preocupações sobre nossas finanças pessoais, seja em razão de dívidas, descontrole ou incertezas em relação ao futuro, estamos vivenciando a ansiedade financeira.
Sem cabeça para o trabalho
Em abril, a Fast Company publicou um artigo trazendo dados de uma pesquisa de mercado nos Estados Unidos que comprova o quanto essa ansiedade não apenas tem aumentado entre os trabalhadores, como se tornado cada vez mais onerosa para eles e para as empresas.
O relatório foi baseado no feedback de 1.400 trabalhadores, incluindo 500 líderes de recursos humanos, 100 executivos de alto escalão e 800 funcionários em tempo integral, em empresas com 1.000 ou mais funcionários.
O estudo revelou que 92% dos funcionários estão estressados com suas finanças, em comparação com 72% em 2022. Além disso, 76% dos executivos de alto escalão e líderes de recursos humanos também estão sentindo essa pressão. As principais preocupações são inflação (96%), aumento das taxas de juros (90%) e volatilidade do mercado (89%).
O que tem sido observado é que além de impactar o sono, as preocupações financeiras também estão consumindo horas valiosas de produtividade. Os trabalhadores estimam que, a cada semana, perdem pelo menos um dia inteiro de trabalho devido ao estresse financeiro.
No Brasil, um levantamento realizado pela Serasa no final de 2022 revelou que, entre as 5.225 pessoas entrevistadas, 61% vivenciaram ou estão vivendo a sensação de "crise e ansiedade" ao pensar em suas dívidas.
O cenário se torna ainda mais desafiador quando os números indicam uma falta de perspectiva de melhora. Para adicionar mais dados, em abril deste ano, a parcela de famílias brasileiras com dívidas, sejam elas em atraso ou não, alcançou 78,3%, conforme registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). A taxa foi a mesma observada em março, mas acima dos 77,7% de abril de 2022.
De geração em geração
A preocupação com as finanças pessoais não se limita à geração millennial*, afetando também a geração Z*. Aliás, em 2023, o custo de vida está no topo da lista de preocupações de ambas, é o que aponta um estudo anual desenvolvido pela Deloitte.
No entanto, há uma diferença significativa. O estudo revelou que 44% das pessoas entrevistadas da geração Z são mais otimistas em relação à melhora de sua situação financeira pessoal no próximo ano, enquanto esse número cai para 35% entre millennials.
Além do impacto na produtividade, essas preocupações também se refletem na alta rotatividade de empregos, impulsionada pela busca por salários melhores, no aumento da procura por fontes de renda complementares e no adiamento de decisões importantes na vida, como a compra de um imóvel ou o início de uma família.
*millennials (pessoas nascidas de 1980 a 1995) e geração Z (pessoas nascidas de 1996 a 2010)
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Mas e o boom dos influenciadores de finanças?
No Brasil, o problema é estrutural e está diretamente ligado à ausência de educação financeira nas escolas. A falta de conhecimentos básicos e a complexidade da linguagem e dos conceitos financeiros diminuem as chances de as pessoas tomarem decisões mais assertivas e aumentam os riscos de endividamento. Além disso, o tema ainda é visto como um tabu em diferentes redes de relacionamento, o que dificulta o diálogo aberto.
Nos últimos anos, temos presenciado o surgimento e crescimento de influenciadores de finanças que buscam amenizar esse déficit educacional com a criação de conteúdo gratuito e acessível.
Confira a tread completa feita pela Nath Finanças.
De acordo com um levantamento da Anbima, até o final de 2022, o Brasil contava com 515 influenciadores financeiros, alcançando um público de 165,7 milhões de seguidores nas principais mídias sociais, como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube.
No entanto, nem mesmo a presença desses influenciadores parece ser suficiente, já que ainda são poucas as pessoas que criam conteúdo com foco na população de baixa renda, que é quem mais sofre com a gestão das finanças. Segundo o levantamento, a maior parte do conteúdo criado é voltado para quem já possui um conhecimento básico sobre finanças e agora têm interesse em investimentos, como CDB, criptomoedas e ações.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Vida pessoal e vida profissional são dois lados de uma vida só. As preocupações que nutrimos em uma certamente impactarão na outra. Se você tem um microempreendimento, já deve ter sentido na pele a sensação de estar no vermelho e de ter o balanço das suas finanças refletido na sua produtividade e desempenho.
É difícil criar e fazer acontecer quando a mente está ocupada com questões mais urgentes. Se estiver passando por isso, nossa sugestão é: busque ajuda! Fale com pessoas de sua confiança e acesse o máximo de informações disponíveis em plataformas especializadas no assunto.
Se você tem um negócio que emprega pessoas e está sentindo uma baixa na produtividade delas ou uma rotatividade maior do que o habitual, pode ser o momento de investigar se questões financeiras estão influenciando esses problemas.
Como já dissemos, se o problema é estrutural, talvez sua empresa possa contribuir com programas de desenvolvimento na área financeira. Além disso, vale a pena refletir sobre como a política de benefícios de seu negócio pode auxiliar sua equipe de colaboradores nesse aspecto.
Uma outra sugestão, e a Coolhow pode te ajudar com isso, é a realização de um diagnóstico preciso e, caso necessário, a inclusão do tema “gestão financeira” no programa de educação corporativa da sua empresa. O que é importante ter em mente é: pessoas com a vida financeira mais organizada são pessoas mais tranquilas e, logo, mais engajadas com o trabalho a que se propõem.
Eu poderia emoldurar essa frase
A educação financeira não se trata apenas de investimentos, mas também de emancipação. É entender de forma saudável nossa relação com o dinheiro.
Nath Finanças, em entrevista para a Revista Fórum
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