Não existe futuro sem floresta: a tecnologia e a natureza podem caminhar juntas?
Falar de inovação e futurismo sem pensar em ESG* e desenvolvimento sustentável é um tiro no pé. Já até falamos aqui antes, mas sempre vale repetir que ESG não é uma mera tendência: é uma necessidade do planeta.
Por mais que seja um assunto dolorido, ou no mínimo incômodo, a gente precisa trazê-lo para o centro das mesas. E não só das mesas nas grandes convenções mundiais, mas também para as conversas cotidianas e as práticas das empresas.
Sim, hoje chegamos com tudo porque o assunto é urgente.
* ESG - sigla em inglês para Environmental, Social & Governance.
Em português, meio ambiente, social e governança.
Amazônia 4.0
A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, compartilhada por 9 países e sendo 60% de seu território parte do Brasil. Enquanto seu desmatamento aumenta em níveis assustadores, a ciência vem mostrando que os impactos climáticos dessa destruição atingem as cidades e centros urbanos.
Por isso mesmo, sua conservação não é um problema só de quem mora lá, nem só nosso dos brasileiros, mas sim literalmente de todo mundo!
Em fevereiro de 2022, a Amazônia Legal registrou o maior acumulado de alertas de desmatamento no mês desde 2016. Foram 198,67 km² – 61,7% a mais em relação a 2021. Os dados são da plataforma Terra Brasilis - Inpe, que tem um painel de monitoramento aberto para consulta com diversos mapas e gráficos inteligentes.
Tecnologia e floresta podem até parecer palavras antagônicas, mas não precisam ser. Na verdade elas devem caminhar juntas, até porque a tecnologia existe para solucionar problemas reais. E quer problema maior que a crise climática?
Sim, o desafio à frente é enorme e complexo, mas a boa notícia é que tem muita gente colocando a mão na massa para ajudar a solucioná-lo. Por exemplo, a Amazônia 4.0 é uma instituição formada por cientistas e pesquisadores que desenvolve tecnologias e métodos para transformar insumos amazônicos em produtos de alto valor agregado, desenvolver a bioindústria, capacitar a população local e, assim, criar alternativas contra o desmatamento.
Uma equação que envolve aspectos sociais, econômicos e ambientais em territórios como a Amazônia é bastante complexa: essa bioeconomia deve gerar valor econômico mantendo a floresta de pé, ao mesmo tempo que deve haver um cuidado com a valorização da cultura, do conhecimento ancestral e modos de vida das populações tradicionais que ali habitam.
O objetivo é garantir que a Amazônia seja protagonista da bioeconomia no mundo: o estudo global 'Changes in the Global Value of Ecosystem Services' afirma que a floresta amazônica de pé poderia gerar até R$7 trilhões por ano ao Brasil!
Para conhecer e se inspirar em projetos já existentes, como o Cities4Forests, vale navegar pela Biblioteca da WRI Brasil.
O mais interessante é que a bioeconomia, hoje, representa não só setores tradicionais como a agricultura e a pesca, mas também biotecnologias que já possibilitam a criação de muitos outros produtos, como energia renovável, alimentos funcionais, roupas, medicamentos e cosméticos.
Ao que parece, o futuro será bio ou não será.
Alguém me avisou para pisar nesse chão devagarinho
Por outro lado, calma que também não dá para simplesmente chegar chegando. Se a sua empresa quer se engajar nas pautas ESG, nossa recomendação é que você comece a estruturar uma área própria para isso.
Esse é um tema que precisa ser tratado com muita seriedade e cuidado, para não entrar no terreno da apropriação cultural ou dos modismos em busca daquilo que é "exótico". Isso sem falar nos clichês e estereótipos.
Que tal contratar (de forma remunerada, obviamente) pessoas indígenas para falarem nos eventos e treinamentos da sua empresa?
Que tal tornar seu Feed de conteúdos mais diverso, lendo e escutando pessoas como Ailton Krenak, Ubiraci Pataxó e Geni Núnez?
Que tal procurar iniciativas e projetos já existentes, oferecendo-se como aliado, parceiro e contribuindo com o que você puder ao invés de já propor algo?
Além de todos esses cuidados, vale ter no seu radar referências como o Sistema B e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o Brasil da ONU, que servem como norte nesse processo e podem ser acessados aqui.
275 empresas brasileiras já possuem o Selo de Empresa B que funciona como um certificado, atestando suas boas práticas em impacto socioambiental. Quer alguns exemplos? Natura, Dengo, Mãe Terra, Movida e Pantys são empresas brasileiras que conquistaram o selo.
Uma dica que podemos dar aqui é a ferramenta de avaliação de impacto criada e gerenciada pelo Sistema B. A partir de um questionário, é feito um diagnóstico online e gratuito acerca das operações e do modelo de negócio de sua empresa, avaliando como elas afetam seus colaboradores, a comunidade local, o meio ambiente e seus clientes em todas as etapas.
Faça aqui a avaliação de impacto da sua empresa!
É claro que isso tudo depende do porte e dos recursos do seu negócio, mas adapte quaisquer recomendações para a sua realidade, trace um plano e vá caminhando da forma possível com essa visão lá no horizonte.
Pílula de sabedoria
“A gente deve ouvir o saber tradicional das comunidades, porque elas trazem na sua ancestralidade todo esse conhecimento à luz do conhecimento empírico da floresta”.
- Antônio de Lima Mesquita, diretor da Agência de Inovação da UEA (Universidade do Estado do Amazonas)
Radar do Futuro-Presente
Ainda sobre nosso tema de hoje: Instituto Terra, de Sebastião Salgado, cria NFTs para reflorestamento (Forbes)
Para colocar na agenda: a 2ª edição do Creator Week, evento da Meta para criadores de conteúdo, com palestras e painéis sobre monetização, comunidades e outros temas, vai acontecer de forma híbrida no próximo dia 07/11. Inscreva-se aqui.
Momento inspiração: Pinterest e Museu do Louvre se unem em parceria de conteúdo (PropMark)
Eita! Horizon Worlds, o app de realidade virtual da Meta, perdeu 100 mil usuários em 8 meses (Forbes).
Estamos de olho: por que o LinkedIn está investindo na formação de creators (PropMark)