O futuro chegou: compras reais, produtos virtuais
Isso mesmo, as empresas estão começando a vender produtos que você só pode usar em ambientes virtuais. E tem gente comprando.
Antes de tudo, como diria Rita Lee “desculpe o auê, eu não queria magoar você". Semana passada, por uma falha na programação do disparo da CoolBox, ela acabou não chegando pra vocês. Pedimos desculpas. Também vou aproveitar pra agradecer quem respondeu a nossa primeira edição neste novo formato. Adoramos saber que vocês gostaram, mas também que sentiram falta de “duas seções icônicas”, palavras do nosso leitor Gabriel Resende. Em homenagem ao Gabriel e a quem mais pediu, vamos voltar com elas. E vocês nem precisaram enviar 53 e-mails. Tá passada? :)
Agora vem comigo que o tema de hoje é inquietante.
Posso experimentar antes?
A Gucci tá vendendo tênis virtual (sim, que só existe no mundo digital) por 60 reais. A Dressx vende roupas virtuais na faixa de 60 dólares. E outras empresas começam a se animar com esta oportunidade: fazer dinheiro de verdade com bens de consumo de realidade aumentada. Mas vamos com calma pra eu te explicar como isso começa.
A história é bem mais longa e passa pelo crescimento das NFTs (tema de uma edição anterior da CoolBox). No entanto, ao que tudo indica, foi a partir do momento que as marcas começaram a permitir às pessoas experimentarem seus produtos virtualmente, antes de comprarem, que parece ter vindo a ideia. E se ao invés de apenas experimentar, elas comprassem o produto virtual?
Muitas empresas hoje permitem que as pessoas experimentem seus produtos virtualmente antes de se decidirem pela compra. Dá só uma olhada em algumas que a gente coletou aqui numa pesquisa rápida: C&A, Zara, Sephora, O Boticário, MRV e Mueller (eletrodomésticos).
Pra você ter uma dimensão do quanto esse mercado está crescendo rápido, segundo estudo realizado pela consultoria Euromonitor International, o uso da realidade aumentada em produtos relacionados ao e-commerce deve movimentar cerca de U$ 83 bilhões (R$ 440 bilhões) até 2025. Apenas em 2020, os valores totais gastos para a implantação desse tipo de tecnologia cresceram 78,5%.
Bom para as marcas e bom para as pessoas
Se por um lado, as pessoas estão achando ótimo poder experimentar os produtos à distância, por outro, as empresas também estão satisfeitas. Quem explica o motivo é a Alison Angus, do Euromonitor, em artigo do Canal Tech:
“Consumidores indecisos tendem a solicitar vários itens antes de comprar e sempre acabam devolvendo aquilo que não gostam ou o que não serve. Isso é frustrante para o cliente e caro para o lojista. A realidade aumentada melhora essa experiência e garante maior eficiência para os negócios.”
Traduzindo
Experimentar ok, mas comprar?
Sim. Pensa comigo: para muitas pessoas hoje o mundo digital é muito mais importante do que o real, do ponto de vista das interações sociais. Elas estão fazendo stories, publicando fotos, gravando vídeos e participando de reuniões online. Quantas dessas pessoas só se produzem para esses momentos? Você, cá entre nós, nunca trocou de look (leia-se: tirou o pijama ou a roupa de ginástica) por causa de uma reunião ou um conteudinho pro Insta? Sem contar as plataformas de games, sobre as quais já falamos aqui na CoolBox, onde estão rolando shows, dates e outros eventos.
Voltando à Gucci e à Dressx
Pronto, depois de passarmos por toda a história, vai ficar fácil entender porque as iniciativas dessas duas empresas estão sendo vistas como promissoras.
Primeiro vamos falar sobre o Virtual 25 - tênis virtual (em realidade aumentada) da Gucci, lançado em março. Ele foi desenhado por Alessandro Michele, diretor criativo da empresa, e hoje já conta com outros 26 modelos virtuais para acompanhá-lo no catálogo da marca. O tênis pode ser utilizado no app da Gucci e em ambientes virtuais parceiros como Roblox e VRChat. Tem quem ache cafona (cringe se preferirem)? Tem. Mas tem quem ache uma oportunidade única, principalmente o público mais jovem. Faz as contas aí do custo-benefício: um tênis fisico da marca custa cerca de 5 mil reais, enquanto o virtual sai por R$60 (12 dólares).
Nosso outro exemplo de Moda Digital é a Dressx. O princípio é o mesmo – venda de roupas e acessórios que só existem no mundo virtual –, mas a solução é bem mais simples. Você entra no site da marca, escolhe o produto, paga, envia uma foto sua na qual deseja ver aquele produto aplicado e depois de dois dias recebe a foto de volta. Menos realidade virtual e mais o bom e velho Photoshop? Achamos que sim.
A Dressx defende que sua moda é sustentável e faz mais sentido para o mundo que vivemos. Segundo a empresa, cerca de 40 bilhões de produtos da moda vão parar nos lixões todos os anos. Não deixa de ser um bom argumento, né?
Acredite, tem gente grande investindo
Quem está todo empolgadinho com essa história de realidade aumentada e produtos virtuais é o Mark Zuckerberg, criador do Facebook. Dá uma olhada nesta fala dele durante um evento recente sobre o tema:
"Em vez de ter que produzir uma televisão ou qualquer tipo de objeto físico complexo, exigindo fábricas, matérias-primas, qualquer criança ou desenvolvedor no mundo será capaz de fazer isso com um conjunto de ferramentas de design em 3D e codificação, e vender seus produtos ao redor do mundo, sem ter que se preocupar com logística ou exportações.”
Outra personagem super envolvida no assunto e que está apostando alto é a empresa de tecnologia Wanna, responsável por diversos projetos/produtos, inclusive o da Gucci. Olha o que o CEO da companhia, Sergey Arkhangelskiy, disse em entrevista ao site Business of Fashion:
“Em cinco ou talvez 10 anos, uma parte relativamente grande da receita das marcas de moda virá de produtos digitais.”
Quem parece estar correndo atrás desse mercado também é a Apple. Rumores no mercado de tecnologia indicam que ela deve lançar um óculos de realidade aumentada nos próximos 12 meses. Vamos aguardar.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Se você tem um negócio de bens de consumo, pense em como permitir que as pessoas experimentem (ou mesmo comprem) seu produto em versão virtual. Isso pode significar a resposta a uma demanda reprimida ou a um importante desejo. Seja de eliminar as dúvidas antes da compra ou de utilizar os produtos da sua marca por aí, nos rolês desta nova realidade.
Se você é profissional de comunicação, marketing e conteúdo, se joga nos links do Radar de Conteúdo (logo aqui embaixo) pra entender mais sobre o assunto e compreender e se inspirar sobre como aplicá-lo aos projetos dos seus clientes.
Ah, eu poderia tatuar esta frase:
“Pense em todas as coisas em sua vida que realmente não precisam ser físicas e que poderiam ser substituídas por um holograma em um mundo onde você usa óculos inteligentes.””
— Mark Zuckerberg, fundador do Facebook
Radar do Conteúdo – novidades da semana:
Google Shopping em breve vai permitir experimentar produtos de beleza (batons e sombras de olho) através de realidade aumentada.
A Netflix acaba de lançar a Netflix.shop, loja virtual com roupas e acessórios relacionados a temas de séries e documentários produzidos pela marca de streaming. Já tem produtos das séries Yasuke e Éden. Vai ter em breve: Lupin, Stranger Things e La Casa de Papel. (já quero meu moletom com a frase "Que comece o matriarcado")
WhatsApp anunciou e em breve vai começar a testar uma aba dedicada à compra de produtos.
Instagram também prepara novidades, com uma busca baseada em inteligência artificial, através da qual você poderá pesquisar por itens presentes em fotografias de posts, por exemplo.
Por falar em mundo virtual, quem está voltando – direto da década de 1990 – é o Tamagotchi.
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