De vez em sempre, a gente adora puxar um papo com um viés mais geracional. E hoje a pauta da CoolBox é sobre um mundo de possibilidades que está surgindo e crescendo com a ampliação das expectativas de vida e do envelhecimento da população no mundo. Sim, estamos falando dela: a economia prateada.
Também conhecida como economia da longevidade, trata-se de um setor econômico que envolve o conjunto de produtos e serviços adquiridos por pessoas com mais de 50 anos. E se você ainda não se atentou para esse público, vem com a gente que, até o fim desta newsletter, você terá mudado de ideia.
“A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”
É certo que o desenvolvimento tecnológico dos últimos séculos, precisamente a partir da Revolução Industrial, nos trouxe e nos traz inúmeros desafios (a emergência climática é um deles). No entanto, também é certo que a tecnologia, em suas múltiplas aplicações, também tem possibilitado que mais pessoas consigam viver com mais qualidade e, logo, por mais tempo.
De acordo com o IBGE, em 2021 a média de expectativa de vida no Brasil aumentou para 77 anos, sendo 80,5 anos para mulheres e 73,6 anos para homens. A parcela da população idosa* no país, com 60 anos ou mais, também subiu para 15,1% em 2022. Em 2012 o percentual era de 11,3%.
O IBGE também apontou que enquanto o percentual de pessoas idosas cresceu, o percentual de pessoas mais jovens, abaixo dos 30 anos, diminuiu de 47,9% em 2012 para 43,3% em 2022.
Um outro estudo recente realizado pela consultoria Data8, especialista em economia prateada, levantou que o setor econômico voltado para o público 50+ movimenta mais de 2 trilhões de reais ao ano no Brasil, 20% da economia nacional, e que esse número pode dobrar em poucos anos.
A pesquisa, inclusive, considera o Brasil como um país modelo em inovação nesse setor, apontando o crescimento acelerado das “agetechs”, startups com soluções para a longevidade no país. Em 2018, foram mapeados 81 negócios. Em 2020, o número subiu para 343.
*Idoso/idosa são os termos utilizados pelo IBGE
Abaixo os estereótipos!
O mundo mudou e as formas de envelhecer também. A imagem de uma pessoa madura tal como retratada por muitos meios de comunicação, como uma pessoa pacata, frágil, desprovida de energia, recolhida em casa e avessa à tecnologia e à moda está longe de corresponder à realidade que os dados desta pesquisa da Fundação Dom Cabral nos trazem.
“O grupo de pessoas com mais de 50 anos é o que mais cresce no Brasil e nos países desenvolvidos, com maduros vivendo vidas mais longas, mais saudáveis e mais produtivas. Seu consumo vai muito além de gastos com saúde. Cada vez mais, eles viajam, investem, namoram, empreendem e voltam às salas de aula.”
- FDC Longevidade
Claro que, quando falamos dessa faixa etária da população, assim como das outras, precisamos também fazer os recortes de gênero, raça, localidade e classe social e entender que se trata de uma camada heterogênea e cujas necessidades também vão variar.
De toda forma, estamos diante de um fenômeno demográfico sem precedentes, o que nos leva a confrontar a nossa percepção sobre o envelhecimento e explorar um universo de oportunidades sociais e econômicas que emergem nesse cenário. Afinal, existe uma gama diversificada de necessidades e desejos que se estendem às pessoas que adentram a fase madura da vida.
De tabu a um mercado de bilhões
Um exemplo é a já considerada “economia da menopausa”, que além de ampliar o diálogo sobre o assunto, tem atraído a merecida visibilidade ao abranger uma variedade de produtos e serviços voltados para mulheres/pessoas com útero nessa etapa de transição tão importante da vida.
De produtos de saúde e bem-estar específicos até soluções para enfrentar as mudanças hormonais, essa nova vertente econômica abre caminho para o desenvolvimento de negócios que antes permaneciam pouco explorados.
De acordo com este artigo publicado no portal Global Wellness Summit, até 2025, 1 bilhão de mulheres em todo o mundo terão passado pela perimenopausa. A expectativa de mercado é de US$600 bilhões de faturamento até lá.
E se vivêssemos todos juntos?
Uma área que já vem crescendo em outros países é a das “residências compartilhadas”, ou cohousings, tal como foram cunhadas no Reino Unido. Apesar de ainda serem pouco exploradas no Brasil, um exemplo bem sucedido no país é a “Vila dos Idosos”, empreendimento inaugurado em 2007 em São Paulo e que inclusive é considerado um modelo de política pública bem-sucedida na oferta de moradia digna para pessoas 60+.
Diferentemente das tradicionais casas de repouso, nas residências compartilhadas temos a coabitação em espaços cuidadosamente projetados e que permitem que as pessoas maduras vivam em comunidade, compartilhem experiências e custos, além de promoverem uma atmosfera acolhedora e de apoio mútuo.
O desafio da invisibilidade
De acordo com o dossiê “Economia da Longevidade”, da Firjan, esse contexto nos coloca frente a dois desafios.
O primeiro deles é a adaptação dos negócios, que sugere que muitas empresas terão que se preparar para o prolongamento da vida produtiva e de consumo das pessoas. Lembrando que, quando falamos de adaptação, falamos também de acessibilidade e do desenvolvimento de soluções que considerem as limitações impostas pela idade.
Nesse sentido, o caminho ainda é longo. Ao menos é o que nos mostra o relatório da Data8, que revela que 43% dos brasileiros se sente descartado do mercado laboral e 50% sente que as empresas, o governo e a sociedade não se atentam aos consumidores de sua idade.
O segundo desafio são as iniciativas de inclusão e combate ao etarismo, o preconceito contra as pessoas maduras. Ainda segundo o relatório, 34% das pessoas 50+ entrevistadas têm se sentido mais sozinhas ultimamente.
Leia também: A idade está nos olhos de quem vê: é hora de falar sobre diversidade geracional nas empresas!
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Bom, a essa altura vamos usar a máxima de que contra fatos não há argumentos e estamos mesmo diante de um cenário de envelhecimento da população brasileira e global que, além de crescente, não acontece mais como antigamente.
Se você empreende, mas na hora de pensar a comunicação do seu negócio é do time que torce o nariz para o Facebook porque “só tem tia lá”, uma provocação indigesta. Além de estar sendo etarista, você pode estar perdendo grandes oportunidades de comercialização de seus produtos ou serviços.
Voltando ao relatório da Firjan, o consumo das pessoas mais maduras aumentou três vezes mais rapidamente na última década em comparação com o consumo dos jovens. No entanto, segundo o Inova Social, ainda há uma concentração de 63% dos negócios voltados para os 45-. Ou seja, estamos falando de uma faixa etária que carece de produtos e serviços desenvolvidos especialmente para ela.
O tema é extenso e passa também pela inclusão laboral desse segmento da população. Para as grandes empresas, é preciso considerar os muitos benefícios da diversidade etária e da criação de políticas adequadas para a inclusão e o crescimento dos profissionais 50+, tendo em mente que ambientes intergeracionais são ambientes mais ricos e com uma troca maior de habilidades emocionais e técnicas.
Se você precisa de uma ajudinha para pensar sobre isso, fala com a gente que nós podemos te ajudar!
Eu poderia emoldurar essa frase
"A Revolução da Longevidade veio como um tsunami - a ciência revela que os tsunamis às vezes têm um valor positivo: eles redistribuem nutrientes em regiões costeiras, criam novos habitats, mudam a paisagem e oferecem novas oportunidades econômicas e de estudo..."
Relatório Tsunami 8 LATAM, da Data8 (tradução livre)
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