O que podemos aprender com empresas que adotaram a semana de 4 dias úteis?
Entre o bem-estar e a produtividade: equilíbrios possíveis
Você já ouviu falar na semana de 4 dias de trabalho?
Com as linhas cada vez mais tênues entre vida pessoal e profissional - movimento acelerado principalmente pela pandemia e, cof-cof, pelo WhatsApp - a discussão sobre modelos possíveis de trabalho é mais relevante que nunca.
Hoje é feriado, mas tem uma CoolBox fresquinha chegando na sua caixa de entrada justamente para refletir sobre o impacto das semanas mais curtinhas, nesse delicado equilíbrio entre bem-estar e produtividade.
OK, mas o que é a semana de 4 dias de trabalho?
Como o nome já antecipa, é uma proposta de diminuição da carga horária nas empresas para que as pessoas colaboradoras tenham um dia livre a mais na semana.
Esse dia livre pode ser usado da forma que elas quiserem, desde momentos a mais de descanso e lazer até aproveitar o dia para fazer aquela senhora faxina em casa.
Vale lembrar que essa discussão não depende do formato de trabalho em si - se presencial, remoto ou híbrido. Isso porque nem todo trabalho remoto é verdadeiramente flexível.
A flexibilidade real tem mais a ver com uma carga adequada e razoável de demandas e com o estabelecimento de uma cultura corporativa baseada em entregas e confiança, além de outras nuances do dia-a-dia nos bastidores de uma empresa.
Outra dúvida bem comum é achar que a semana de 4 dias de trabalho significa que a sua empresa inteira vai deixar de funcionar em um dia útil, o que poderia prejudicar as relações com fornecedores e clientes. Mas a ideia é aplicar isso de uma forma consciente e planejada, adotando um esquema de revezamento por áreas, por equipes ou da forma que fizer sentido na realidade específica da sua empresa.
Mas funciona?
Entre teoria e prática há sempre uma distância, às vezes até um abismo. Para mostrar que não estamos falando de nada tão extraordinário ou inviável assim, vamos aos cases de empresas que já adotaram o modelo - e o que elas estão descobrindo.
No exterior, a maior referência é a Islândia. Esse modelo de 4 dias de trabalho já é bastante difundido, até mesmo como decisão governamental, ao ponto de se tornar quase parte da cultura local.
No Japão, um país de cultura corporativa workaholic intensa, a Microsoft implementou o modelo seguindo uma recomendação do governo, e registrou um aumento de 40% de produtividade em comparação à semana regular de 5 dias de trabalho.
Já nos Estados Unidos, um país conhecido por ter leis desfavoráveis ao trabalhador, a start-up Bolt baseada em San Francisco também adotou a semana mais curta. Aliás, agora mesmo na Califórnia está em discussão um projeto de lei nesse sentido, como conta uma matéria da Exame.
Segundo a empresa, a produtividade aumentou e os funcionários estão mais felizes. Uma pesquisa realizada depois de um período de 3 meses de testes revelou que 84% viram melhorias no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. 94% dos colaboradores e 91% dos gerentes afirmaram querer que o programa continue.
É claro que a realidade de cada um desses países é diferente da brasileira, mas já existem algumas empresas adotando essa prática por aqui também.
No perfil da Officeless, que produz ótimos conteúdos sobre trabalho remoto, saiu recentemente o case da Shoot - uma empresa de comunicação com projetos de impacto social positivo e com certificação do sistema B. Nesse post aqui, eles compartilharam as aspas de alguns colaboradores falando sobre suas percepções após os primeiros testes.
Nem tudo são flores: as dores e delícias desse modelo
Se você reparar com atenção, nossos conteúdos não têm como proposta trazer respostas prontas ou muito menos definitivas. Em um mundo cada vez mais complexo, queremos estimular o senso crítico e o debate olhando sempre para dois ou mais lados de uma mesma questão.
No caso da semana de 4 dias de trabalho, não poderia ser diferente: nem tudo são flores. Agora que já falamos das possíveis vantagens, quais são os principais desafios?
O maior deles talvez seja o acúmulo de trabalhos e empregos, considerando o cenário econômico atual.
Em um contexto de precarização e outros processos similares no contexto do trabalho, é difícil imaginar que uma pessoa super endividada não vá usar esse dia "livre" para fazer bicos, adiantar seus freelas, enfim, trabalhar mais. E, assim, ela teria o benefício do dia livre sem reverter aquilo em favor da empresa para a qual ela trabalha regularmente.
Há quem defenda que a pessoa deve ser livre para fazer o que ela quiser nesse tempo, desde que não prejudique seu rendimento e suas entregas, mas ainda assim não deixa de ser um bom ponto a ser levado em conta.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Se você é um profissional autônomo e já tem flexibilidade de horários, busque fazer testes intencionais na gestão da sua rotina e observar como funcionam seus fluxos de produtividade e bem-estar. Descanso, autocuidado e lazer são muito importantes.
Se você tem uma empresa ou gerencia o trabalho de outras pessoas, considere fazer esses testes e avaliar resultados concretos para, quem sabe, implementar isso de forma oficial depois. Se der certo, os benefícios podem ajudar bastante na retenção de talentos.
É claro que as formas de viabilizar isso vão depender muito do tamanho da empresa, da natureza do serviço prestado, entre vários outros fatores, mas os modelos existem para serem aplicados e devidamente adaptados.
Até porque, no fundo, nenhuma prática "moderninha" se sustenta por si só se não estiver ancorada na cultura de uma empresa.
Tempo rei, oh tempo rei 🎶
Tempo rei, oh tempo rei, já cantava Gilberto Gil. O tempo é o nosso recurso mais valioso.
Já parou para pensar o que você faria se tivesse um dia útil e livre a mais por semana?
Daqui, esperamos que nossa CoolBox chegue aí na sua caixa de entrada nesse feriado com essa reflexão como um pontapé para que você faça escolhas cada vez mais conscientes na hora de gerir seu próprio tempo.
Eu poderia emoldurar essa frase:
“"A vida não é útil"
- Ailton Krenak”
Radar do Futuro-Presente
Nova turma do curso ALMA: produção de conteúdo para pequenos negócios (@coolhow)
Liderando equipes à distância: material gratuito da Officeless
58% dos brasileiros conseguiram aumentar a renda com modelo remoto (Forbes)
WhatsApp anuncia função de comunidades e outras novidades (Canal Tech)
Redes sociais reforçam políticas para período eleitoral (Meio & Mensagem)