Round 6: as marcas entraram no jogo
Como o conteúdo ajudou marcas do mundo inteiro a embarcarem nas conversas sobre a série de maior sucesso da Netflix.
Batatinha frita 1, 2, 3. Se você não pegou a referência, significa que não é uma das 111 milhões de pessoas no mundo que já assistiram à série coreana Round 6 da Netflix. Um fenômeno mundial, que bateu o recorde que pertencia à Bridgerton e se tornou a maior série do streaming de todos os tempos. Em apenas oito dias. Na Coreia do Sul, o impacto de Squid Game (nome oficial por lá e em diversos outros países) foi tamanho que uma empresa de internet acusou a Netflix de estar monopolizando a rede. No Brasil e no mundo, o sucesso de público fez com que a série se tornasse tema de muitas conversas nas redes sociais. E as marcas, claro, não quiseram ficar de fora. Por isso, a CoolBox de hoje analisa o fenômeno, mostra como as empresas estão criando conteúdos pra interagir com o assunto nas redes sociais e ainda traz uma reflexão: por que ser relevante culturamente se tornou algo essencial para as marcas? Prepare-se, o jogo vai começar.
Entendendo a série
O enredo da série é simples. Um grupo de pessoas endividadas aceita um convite para participar de um game sem saber suas regras e com a promessa de que os vencedores ficarão bilionários. São seis diferentes jogos, inspirados em brincadeiras infantis, mas com desfechos mortais. O nome original, Squid Game (jogo da lula), faz referência a uma brincadeira típica da Coreia do Sul. Já no Brasil, o nome escolhido foi Round 6, em associação com o número de brincadeiras as quais os participantes são submetidos. Apesar de muitas especulações políticas sobre a troca de nome no Brasil, a Netflix garante que a mudança foi apenas porque Round 6 é mais facilmente entendido como ligado ao universo dos jogos no Brasil do que Squid Game. Importante também saber que o primeiro jogo é o famoso "Batatinha Frita 1, 2, 3”, comandado por uma boneca gigante e amedrontadora chamada Chantal. Muitos dos memes que circulam pela internet, tem ela como protagonista.
Como as marcas entraram na conversa
As empresas não perderam tempo e quiseram fazer parte da conversa. Olha o que elas já andam fazendo mundo afora:
Um hotel, na província de Gangwon, Coreia do Sul, anunciou que no fim do mês de Outubro vai realizar sua própria versão do jogo e o vencedor vai levar cerca de 5 mil dólares. Apenas hóspedes poderão participar, mas nem adianta se animar, não há mais quartos disponíveis.
Já existem outras versões reais dos jogos sendo marcadas em outras cidades da Coreia do Sul e também nos Emirados Árabes.
Jung Ho-yeon, a atriz com mais destaque na série, virou embaixadora de marca da Louis Vuitton e assinou contrato com a Adidas. A atriz, antes de Round 6, tinha 400 mil seguidores no Instagram, agora já passou dos 20 milhões.
A busca pelo tênis (slip-on da Vans) que dois jogadores usam na série aumentou em 7.800%.
As pesquisas por macacões vermelhos aumentaram 62%.
Heineken, Gilette, Budweiser, Pepsi e Domino's fizeram posts com referência a elementos simbólicos de Round 6 em suas redes sociais.
A própria Netflix criou o “Squid Game World”, em tamanho real, em uma estação de metrô em Seoul.
Relevância cultural: o porquê das marcas quererem participar
Por que as empresas correram para criar conteúdos e ações ligadas à série? E por que as marcas tem feito cada vez mais esse movimento, de querer participar desse tipo de conversa?
A resposta está no estudo sobre o poder da “relevância cultural" para as marcas, realizado pelo Twitter em parceria com a Kantar IBOPE Media. Foi feita uma análise da relação direta entre “a geração de receita e o envolvimento das marcas com assuntos que movem e pautam a cultura, como entretenimento, esportes e grandes eventos". No total, foram entrevistados 2.000 brasileiros e contempladas 100 marcas e 13 indústrias para a pesquisa.
De acordo com o estudo, a relevância cultural das marcas está ligada a quatro pilares:
“Ditar tendência e ter impacto social relevante”;
“Ser engajado na sociedade de forma que traga mais conhecimento a todos”;
“Que acrescente algo de produtivo na sociedade”;
“Que sempre está atualizada em todos os assuntos.”
Traduzindo
Dois dados importantes que destacamos do relatório:
(…) ao estarem conectadas à cultura, além de conduzir parte da conversa, marcas também têm a chance de liderar territórios e serem lembradas de forma positiva: empresas que promovem tendências positivas e/ou apoiam causas sociais que beneficiam a todos, costumam atrair mais receita – existe uma correlação de 73% entre as duas coisas.
O estudo aponta que o envolvimento cultural de uma marca representa quase ¼ da decisão de compra do consumidor e é quase tão importante quanto ter percepções positivas da marca.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
O tema é muito relevante, porque apenas duas coisas se mostram mais importantes na toma de de decisão do que a relevância cultural: o custo-benefício e a reputação da marca.
De acordo com o estudo do Twitter e Kantar IBOPE Media, existe uma correlação de 73% entre a relevância cultural de uma marca e seus resultados em receita.
No entanto, é preciso ter cuidado na hora de escolher de quais conversas participar. Nem todas podem estar alinhadas ao propósito e aos valores da sua marca. Ou ainda, esses dois aspectos precisam ser também os definidores da forma como você entra nas conversas.
Eu poderia tatuar essa frase:
“É importante entender que Relevância Cultural é muito mais do que incorporar o último meme, por exemplo. Em tempos tão desafiadores, é mais importante do que nunca construir uma estratégia com o consumidor no centro e isso também significa se conectar, de forma legítima e cuidadosa, a territórios de conversa que são interessantes para as pessoas.”
— Twitter, estudo sobre o poder da “relevância cultural" para as marcas
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