Saída de emergência: como não virar refém do Zuck?
Facebook, WhatsApp e Instagram fora do ar. Sua empresa sai também? É hora de rever a estratégia.
Por volta de 13 horas de segunda-feira várias pessoas acharam que o Wi-Fi delas tinha dado problema. Reiniciaram modem, computador, smartphone e nada. Até que se deram conta que eram apenas 3 aplicativos que estavam fora do ar. Mas não eram quaisquer três apps, eram WhatsApp, Facebook e Instagram. O que muita gente imagina ser a internet inteira. O problema que antigamente geraria, no máximo, muita reclamação no Twitter, num momento em que essas três ferramentas concentram milhões de usuários e criaram raízes na nossa vida pessoal e profissional, a pane do Zuckerberg virou crise e prejuízo, principalmente para pequenos negócios. Existe uma saída de emergência, caso aconteça novamente? Esse é o tema da CoolBox de hoje.
Nossa. O que rolou?
Foram sete horas de desconexão e falta de informação. Os serviços da Facebook Inc – WhatsApp, Facebook e Instagram – saíram do ar no mundo inteiro. A empresa demorou a se pronunciar, mas, quando o fez, confirmou o que os especialistas já suspeitavam: uma falha de DNS – Sistema de Nomes de Domínios que faz uma espécie de tradução do site/app que você quer acessar para a linguagem (protocolo) da internet. Como se o caminho que a internet conhece para acessar esses sites tivesse sumido de uma hora pra outra.
E por que demorou tanto a voltar? Então, acontece que quando o caminho some, mesmo que você consiga voltar com ele rápido, existe um "tempo de propagação", o período que demora para toda a internet ficar sabendo que a ponte foi refeita.
Desconexão virtual, prejuízo real.
Marquinho pediu desculpas no seu perfil no Facebook. Disse que sabe o quanto os serviços da sua empresa impactam a vida das pessoas. Enquanto ele perdia 5,9 bilhões de dólares da sua fortuna por causa do problema, pequenos negócios enfrentaram prejuízos menores em números, mas com impacto negativo muito maior para suas vidas.
De acordo com pesquisa do Sebrae, apenas 23% das empresas tem seu próprio e-commerce e por isso usam outros canais para realizar suas vendas. Advinha?
84% usam o WhatsApp para vender
54% usam o Instagram
51% usam o Facebook
Deu pra ter uma dimensão do tamanho do impacto negativo, né?
O que as grandes empresas fizeram?
Elas aproveitaram o apagão para promover seus próprios canais: aplicativos e newsletters. Além disso, reforçaram suas presenças em outras redes, que tiveram picos de acesso durante o dia: LinkedIn, Twitter, YouTube, Pinterest, TikTok, etc.
Por que elas já estavam preparadas? Porque há algum tempo elas já vem buscando se livrar da alta dependência que tem das redes sociais. Não por causa de medo de um apagão, mas porque elas sabem o quanto é arriscado apostar tudo num único modelo de comunicação para o negócio delas.
O que as pequenas podem fazer?
Em duas palavras: diversificar e aproximar. Diversificar canais de relacionamento com as pessoas. Isto é, buscar outros espaços digitais de contato com clientes e potenciais clientes. E aproximar é criar ao menos um canal em que não há dependência de uma grande rede para entrar em contato direto com as pessoas. O e-mail, o SMS e o bom e velho telefone podem ser caminhos seguros. Mas a gente conta mais em detalhes na sequência.
Traduzindo
É passo a passo que você quer, né? Tá certo. Aqui vai nossa recomendação:
Tenha um site e faça dele o ponto de encontro e o porto-seguro dos seus clientes para obter informação. Disponibilize um link para seus canais de atendimento lá.
Divulgue o endereço do site em diferentes materiais (assinatura de e-mail, embalagens, etc).
Tenha uma base de dados proprietária com o número de telefone e o e-mail das pessoas (clientes e potenciais clientes). Assim você pode recorrer ao SMS, ao Telegram e ao envio de e-mail, por exemplo.
Busque outras redes sociais que façam sentido para o seu público e possam ser alternativas para o conteúdo que você já produz. Exemplo: se você já faz IGTV, que tal um canal no YouTube? Se você já faz Reels, que tal experimentar o TikTok? Se faz promoções no WhatsApp, que tal fazer também no Telegram?
Todos esses pontos são importantes na hora da emergência, mas também como estratégia de descentralização da internet. O monopólio de uma empresa só interessa e é bom pra ela mesma. As agências reguladoras devem, a partir de agora, encarar esse problema ainda mais de frente, no entanto, precisamos também fazer nossa parte como empreendedores e como pessoas que usam a internet.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
No fundo, a gente sabe: não existe nada definitivo no mundo, muito menos na internet. Então, estratégia digital escrita em pedra não é nada bom. Tá na hora de pensar em um plano B e de buscar mais conhecimento sobre estratégia de canais.
Para ir um pouco mais longe: se o tema te interessa, vale a pena acompanhar as discussões sobre monopólio das Big Techs, que estão bem quentes na Europa e nos Estados Unidos. Normalmente, o que acontece nesses lugares, acaba também ecoando aqui.
Eu poderia tatuar essa frase:
“Ontem (segunda-feira), a gente ficou seis horas sem (as redes sociais), e as pessoas ficaram perdidinhas. Mas o digital é uma realidade. Não é um aplicativo, um software, um site, é uma forma de lidar. O digital é totalmente diferente de sofisticado, é um simples rápido.”
— Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, coberta de razão.
Radar do Conteúdo – novidades da semana:
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