Chegou aquela época do calendário em que nós aqui da CoolHow, tradicionalmente, começamos a prospectar o que vai acontecer no ano seguinte. Amamos falar sobre tendências, porque os sinais que se manifestam hoje, se bem captados e interpretados, nos ajudam a entender o que vem por aí. E assim, temos condições de nos prepararmos melhor. Pra começar, não poderia ser outro assunto. Um dos temas mais quentes das últimas semanas e que promete ser a tecnologia que mais vai mudar nossas vidas nos próximos anos. Sim, estamos falando de metaverso, o tema da CoolBox de hoje.
Mas o que é metaverso, gente?
Tudo começou em 1992, quando o escritor de ficção científica Neal Stephenon lançou seu livro "Snow Crash", onde criou o conceito e o nome metaverso. No romance ele apresenta um mundo virtual que tenta reproduzir a realidade, a partir de dispositivos digitais. Um espaço que combina realidade imersiva e internet.
Chris Cox, CPO da Meta (Facebook), disse durante o Websummit 2021 – maior conferência de tecnologia do mundo – que um jeito fácil de entender o que é o metaverso é pensar que a internet até então foi plana e o metaverso é a nova versão da internet, em múltiplas dimensões.
Em resumo: metaverso "é uma espécie de réplica digital do mundo real, onde as pessoas interagem por meio de avatares", como bem traduziu Pedro Arbex em matéria do Brazilian Journal.
Pra ficar mais claro
Seguindo estritamente o conceito, o metaverso ainda não existe. Temos experimentos metavérsicos. Só quando tivermos a união de todos esses experimentos criados isoladamente, com a possibilidade de uma pessoa – com um mesmo avatar que represente sua personalidade – transitar entre todos esses ambientes é que teremos o metaverso na prática.
Inclusive, o Chris da Meta disse que o metaverso não é para todo mundo hoje, mas que as primeiras experiências são muito empolgantes.
E o que já temos de concreto?
O primeiro passo que a Meta, ex-Facebook, está dando é criar um espaço para que as pessoas tenham melhores condições de fazer reuniões do que por videoconferências. Segundo Chris, o fato de poder contar com áudio espacial, linguagem corporal e a não sobreposição de falas são os primeiros grandes atrativos da tecnologia para as empresas. Sobre esses primeiros experimentos ele afirmou:
“O que estamos fazendo ao começar a conversa sobre o metaverso agora é ter uma indústria ampla. Não vamos construir o metaverso sozinhos. Vai ser algo que emergirá, provavelmente, como a internet surgiu. O que significa que haverá certos padrões e protocolos”
Não podemos deixar de falar da Roblox – plataforma também baseada no conceito de metaverso, em que as pessoas podem criar seus próprios mundos virtuais e projetar suas próprias experiências. Jon Vlassopouloss, diretor de música da empresa, também esteve no Websummit e mostrou como a indústria da música está se reinventando nesta realidade virtual. Junto com Jon, num painel do evento, estava Zara Larsson, cantora pop e entusiasta do metaverso. Alguns meses atrás, a cantora lançou seu novo álbum num show para 4 milhões de pessoas dentro da plataforma. Nessa oportunidade, Zara tirou fotos com fãs e viu uma oportunidade para muito mais nesse universo. Jon listou algumas possibilidades de criação de receita no Roblox para artistas, como venda de artefatos digitais, participação em comunidades e ingressos para shows. Sobre sua experiência, Zara disse:
“Antes, você tinha que fazer tour e visitas em rádios para ser conhecida como artista. Hoje, você pode fazer isso da sua sala de estar e ter a mesma conexão emocional."
O outro lado do metaverso
Roger McNamee, ex-investidor do Facebook e ex-conselheiro do Mark Zuckerberg, tem uma opinião mais dura e menos romântica sobre essa novidade. Segundo ele, se não houver regulação das grandes empresas de tecnologia, o metaverso significará 360º de manipulação. Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook e denunciante contra a empresa, faz coro com McNamee. Ela acredita que a empresa deveria se preocupar mais em ser transparente e resolver seus problemas do que expandir ainda mais seus domínios. Cecília Kang, autora do livro “An Ugly Truth: Inside Facebook's Battle for Domination" também vê a nova iniciativa do Facebook como uma grande distração para o que realmente importa agora.
Traduzindo
Já fazem alguns anos que nossa vida tem se tornado cada vez mais digital. Coisas que só eram possíveis antes no mundo físico, agora não são apenas possíveis, mas muitas vezes são feitas em primeiro lugar no mundo virtual. A pandemia fez essa realidade se acelerar ainda mais. Compras, reuniões, relacionamentos, amizades, trabalho, entretenimento, dinheiro.
Não vamos entrar num mundo digital. Já entramos e passamos cada vez mais tempo dentro dele. Quantas horas por dia você já passa dentro da internet?
Por isso, acreditamos que metaverso não é uma questão de se. É um processo que já está em curso. O que precisamos é entender como queremos que ele seja agora e no futuro. Nossa cidadania digital precisa ser colocada em ação neste e em outros temas.
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Quando olhamos para os primeiros experimentos metavérsicos, fica claro que essa nova realidade pode impactar profundamente a forma como trabalhamos, nos comunicamos e fazemos negócios. Acompanhar os desdobramentos e as evoluções do metaverso são tarefas importantes para empresas e profissionais no próximo ano.
Apostamos que 2022 trará grandes novidades e será o primeiro grande ano do metaverso.
Eu poderia tatuar essa frase (uma obviedade que precisa ser dita):
“O metaverso não é um lugar, é um momento no tempo onde nossa vida digital vale mais do que nossa vida física. Isso não acontece da noite pro dia. Não é uma invenção de alguns, no estilo Steve Jobs. É uma mudança gradual que já vem acontecendo nos últimos 20 anos.”
— Shaan Puri, ex-diretor de produto da Twitch, empreendedor e investidor.
Radar do Conteúdo – novidades da semana:
Um especial só com mais conteúdo sobre metaverso pra você mergulhar ainda mais no tema:
Seoul, na Coréia do Sul, será a primeira cidade do mundo a se juntar ao metaverso. O governo da cidade oferecerá diversos serviços aos cidadãos no mundo digital. (Quartz - em inglês)
Mudança de Facebook para Meta piorou ainda mais a reputação da empresa, diz estudo. (Época Negócios)
WhatsApp 3D fará parte do metaverso desenvolvido por Mark Zuckerberg (Olhar Digital)
Cinco coisas que os publicitários precisam saber sobre o metaverso (Meio&Mensagem)