Trabalho, logo publico: o advento do “creator employee”
Entra rede e sai rede e a nossa busca continua a mesma: seja sobre o que for, queremos conteúdo autêntico e sincero. E num momento da internet em que tudo parece já ter sido criado, é no “retorno ao básico” que reside a magia. Quer dizer, até alguém ou alguma empresa se dar conta disso e começar a usar a seu favor.
Na CoolBox de hoje, vamos falar sobre como a criação de conteúdo que começou pautada por mostrar o dia a dia de trabalho - e otras cositas más - tem sido incorporada por empresas que já entenderam que vale a pena investir no “creator employee”.
Bora lá?
Creator employee x workinfluencer: existe diferença?
Parece a mesma coisa, não é mesmo? No entanto, encontramos algumas características que diferenciam o creator employee do workinfluencer durante a nossa pesquisa para esta edição. Vejamos!
Também chamado de funcionário influenciador, o creator employee é aquele funcionário que espontaneamente (ou não, conforme observamos) assume o papel de criar um conteúdo que esteja diretamente relacionado à empresa para a qual trabalha.
As pautas podem variar entre dicas para se dar bem no processo seletivo, rotina de trabalho, conquistas internas, celebrações e tudo o mais que esteja ligado àquele ambiente específico. As motivações também variam entre fomentar um hobby, satisfazer a curiosidade das pessoas, fazer networking e fortalecer a própria marca pessoal frente a outras organizações.
Já o workinfluencer é aquele criador de conteúdo/influenciador que compartilha conselhos e insights ligados ao mundo do trabalho de uma forma um pouco mais ampla, podendo até se restringir a um setor específico, mas não necessariamente a uma empresa específica. Uma nomenclatura mais atual e menos desgastada para os famosos coaches de carreira.
Neste caso, os objetivos da criação de conteúdo se vinculam a uma finalidade maior de receita, como a venda de consultorias, mentorias, palestras, cursos ou produtos físicos/digitais específicos.
Um creator employee pode ser um workinfluecer? Sim. Por isso, e por que estamos falando de atribuições muito novas, percebemos alguma confusão no uso das nomenclaturas.
Muito além dos kits instagramáveis de boas-vindas, um ponto de virada para as empresas
Este artigo da Forbes e este da Fast Company explicam com clareza. Por muitos anos, a delimitação entre as esferas profissional e pessoal da vida dos colaboradores foi uma preocupação central para as empresas, o que levou muitas delas a estabelecer políticas e diretrizes acerca do que seria apropriado compartilhar online.
No entanto, essa perspectiva começou a mudar recentemente, quando as organizações perceberam que muitos de seus funcionários estavam compartilhando conteúdo espontâneo sobre suas rotinas e ambientes de trabalho em plataformas como TikTok e Instagram Reels.
Conscientes desse movimento e de seu impacto positivo sobre a própria imagem, diversas empresas passaram a adotar programas de capacitação e treinamento para seus criadores de conteúdo internos como parte das suas estratégias de employer branding.
Além de gerar credibilidade e confiança, uma vez que não se trata da empresa falando de si mesma e sim sendo enaltecida por quem se dedica a ela, o trabalho também tem o objetivo de mostrar produtos ou serviços por outros ângulos e, principalmente, atrair e reter talentos.
Duas empresas exemplos são a Nestlê e a Ambev. A primeira tem o programa Nestlê Creators, criado em 2019 para nano e microinfluenciadores externos e aberto aos funcionários internos desde 2022. A segunda, por meio da sua plataforma Ambev Tech, montou um time de especialistas para acelerar os talentos de conteúdo internos.
Quem paga o post?
Agora é aquele momento em que a gente problematiza o assunto por motivos de: a CoolBox também existe pra isso. Afinal, estamos falando de algo novo e ainda sem regulamentação em termos de legislações trabalhistas.
Se de um lado a criação de conteúdo por parte da equipe de funcionários pode surtir efeitos bastante positivos para as empresas, de outro encontramos os riscos de haver mais colaboradores sobrecarregados com o acúmulo de funções extras.
É uma faca de dois gumes. Criação de conteúdo é trabalho e trabalho precisa ser remunerado. No entanto, a remuneração pode implicar em alguma perda de espontaneidade e perda de espontaneidade pode implicar em perda de credibilidade.
Difícil equilibrar esses pratinhos.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Quem trabalha com endomarketing e/ou comunicação interna sempre viu a equipe de colaboradores como a primeira embaixadora de uma empresa. A questão não é nova, mas ela ganha novas proporções à medida que a internet se torna uma possibilidade de divulgação e influência para todo um círculo social de funcionários.
O que a gente reforça, como sempre, é que vida profissional e vida pessoal estão cada vez mais indissociáveis e isso se reflete na nossa forma de ser e estar no mundo, com as empresas com as quais trabalhamos tornando-se importantes elementos de construção das nossas identidades e marcas pessoais.
Muitas empresas já vêm percebendo isso e criando programas de capacitação para os seus criadores internos. No entanto, não basta formar bons criadores de conteúdo. É fundamental desenvolver um ambiente saudável e seguro para que esses funcionários influenciadores se sintam inspirados a falar sobre a organização.
Também é importante destacar que algumas pontas permanecem soltas, como o limite entre as orientações sobre o que postar e a censura, o risco de ter detratores internos ou informações sigilosas expostas, a falta de controle sobre o que vão dizer e/ou o monitoramento insuficiente.
Para já, fica a sugestão de olhar para o que estão dizendo sobre a sua empresa como um termômetro de auto-avaliação. E se precisar de ajuda para o desenvolvimento de algum treinamento ou para pensar soluções em conjunto, fala com a gente!
Eu poderia emoldurar essa frase
“Somos CEOs de nossas próprias empresas: Eu LTDA. Para estar no mercado hoje, nosso trabalho mais importante é ser o chefe de marketing da marca chamada Você.”
Tom Peters, colaborador da Fast Company
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