A era do Flash Content
Chegou e veio pra ficar: vídeos curtos, temporários e de alto impacto.
Tá atrasada essa CoolBox. O que houve? Nossa ferramenta de newsletter ficou fora do ar ontem, o que impediu esta maravilhosa news de chegar a sua caixa de entrada. Mas agora sim. Aproveite. :)
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Aí você estava lá, todo Nicolas Cagezinho, fazendo seu conteúdo, até que vem uma sequência: Snapchat, TikTok, Reels, Shorts, Kwai. E até os defensores do textão estremeceram. Pra onde está indo o conteúdo das redes sociais? Será que preciso abraçar essa nova realidade pra não ficar isolado como o personagem de Nicolas Cage em A Rocha ou existe uma saída, vinda dos céus, como Seth em Cidade dos Anjos? Ah, aqui está a saída. A CoolBox de hoje, que além de vir cheia de referências cinematográficas e tiktokerísticas, traz reflexões e algumas respostas.
Presságio
Sim, podemos dizer isso sobre o Snapchat e sobre os Stories do Instagram. De alguma maneira eles nos sinalizaram o que estaria por vir. Conteúdos mais rápidos e com prazo de validade. A geração que lá atrás fez o Snap bater de frente com o Instagram é a mesma que agora adota em peso o TikTok e consolidam uma preferência, segundo relatório da Kantar – “O desafio Z: Comunicação para a geração hiperconectada” – divulgado recentemente: os Zs (nascidos entre 1997 e 2010) preferem publicações curtas e temporárias. Mas falta um ingrediente pra dar origem a um novo tipo de conteúdo.
Vai vai, malvadão
A peça final que faltava é o impacto. Conteúdos rápidos, temporários e de alto impacto, vulgo, Flash Content. Foi assim que resolvemos batizar aqui na CoolHow os vídeos e outros formatos que tem essas três características. Quer saber como as três funcionam em detalhes? Eu já mostro pra vocês:
Rápidos. De curta duração ou rápido consumo. No caso de vídeos, eles tem cerca de 60 segundos e no caso de textos, até 300 caracteres. Para além do tempo e do tamanho, é preciso pensar também na facilidade de consumo. Linguagem simples e contexto é tudo.
Temporários. Nada definitivo, que ficará para a posteridade. Tem a ver com o clima do momento, conexão e conversa.
De impacto. Aqui, uma informação nova ou um bom entretenimento, por exemplo, são os fatores que fazem o conteúdo brilhar.
Eu estava ocupada pensando nisso…
Pra entender o sucesso desse formato, é importante conhecer um comportamento emergente dos últimos anos: micro-momentos. Durante nossa rotina diária, temos diversas atividades que ocupam boa parte do nosso tempo. No entanto, existem espaços entre elas, que acabamos preenchendo com outras atividades. Dentro do elevador, na sala de espera de consultório, no trânsito, entre uma aula e outra. São nesses pequenos intervalos que acabamos consumindo conteúdo. Até outros momentos mais íntimos, como no banheiro, entram nessa conta. Aliás, de acordo com uma pesquisa da Lookout, cerca de 39% das pessoas checam seus smartphones enquanto estão fazendo suas necessidades.
Apocalipse?
Não, o filme do Nicolas Cage, neste caso, é outro: Adaptação. Precisamos adaptar a comunicação das marcas para uma nova sensibilidade no consumo de conteúdo. Além disso, um Flash Content pode ser a porta de entrada para outros conteúdos mais longos e uma relação mais profunda. Aliás, essa já é uma estratégia conhecida de quem já estudou ou leu algo sobre micro-conteúdos. A ideia é ter uma narrativa principal traduzida para diferentes peças de informação, inclusive aquelas bem pequenas. Sem nunca perder a coerência.
Então, antes de ir…
Pergunta de um milhão de dólares: como isso impacta minha marca, projeto ou carreira?
Para as marcas, é essencial pensar em como trazer Flash Contents para sua estratégia de canais para se conectar com a Geração Z. Ainda mais sabendo que é a geração que mais segue marcas nas redes sociais (60%, segundo o relatório da Kantar). A pergunta então é: que tipo de assunto está dentro da sua linha editorial e combina com esse formato?
Para profissionais, hora de entender um pouco mais sobre esse tipo de conteúdo e ajudar as marcas a entrar nessa nova modalidade de conversa com as pessoas.
Eu poderia tatuar essa frase:
"(…) a partir do momento em que a plataforma passa a priorizar mensagens em vídeos de curta duração para que sejamos vistos e ouvidos, isso altera a maneira com que criamos e disseminamos ideias e narrativas."
— Ted Striphas, professor da University of Colorado Boulder e autor do livro "The Late Age of Print"
Radar do Conteúdo – novidades da semana:
O novo episódio do podcast Alma é justamente sobre vídeos curtos (Spotify)
Slack lança ferramenta de vídeos curtos similar aos Stories (Techmundo)
Os novos 37 emojis que farão parte da nossa comunicação (@tiagobelotte)
WhatsApp testa recurso que lista os comércios próximos dos usuários (CNN Brasil)
Met Gala virou uma grande live commerce? (@coolhow)
“Among Us” ganha linha oficial de fantasias de Halloween (B9)
Disney transformará fãs da marca em grandes influenciadores digitais (Adnews)
Um ponto interessante aqui é que esse valioso olhar para o momento presente corre o risco de ignorar que não trabalhamos substituições na forma como consumimos conteúdo. Isso desde muito tempo. Na real, reagimos à construções sociais e econômicas, certo? Então, se é verdade que o Flash Content emerge como ritmo (evitando aqui utilizar formato, porque é outra discussão), deveríamos nos perguntar por que isso ocorre agora e com essa intensidade. Que conjunto de forças nos levou a priorizar este tipo de consumo quando outros ainda coexistem como comprovamos com... bem... o próprio substack. Acho que aí está a questão que mais me atrai e instiga.