A idade está nos olhos de quem vê: é hora de falar sobre diversidade geracional nas empresas!
Quantos anos você tem?
Parece uma pergunta inofensiva, dependendo do contexto, mas por trás dela pode estar escondido um tipo de preconceito: o etarismo (ou ageísmo), a discriminação com base na idade.
Se você ainda não se preocupa com a diversidade geracional dentro da sua empresa, continue lendo essa CoolBox porque temos algumas notícias importantes para te dar!
Fica a dica de um ótimo filme sobre o tema: Um Senhor Estagiário
Ciclo vicioso
Aos 45 anos, Carlos se candidatou a uma vaga de auxiliar de estoque em uma empresa. No dia seguinte, recebeu um e-mail da equipe de recrutamento com o seguinte texto “Cancelaaa, passou da idade kkk” [sic].
O profissional falou sobre a situação no LinkedIn e a publicação já passou de 17 mil curtidas, quase 4 mil comentários e 500 compartilhamentos, mostrando que o etarismo é bem mais comum do que imaginamos.
Em 2019 (ou seja, há pouquíssimo tempo), um levantamento da consultoria de carreira Robert Half mostrou que 69% das empresas não contratavam trabalhadores com mais de 50 anos. Por outro lado, a população brasileira está envelhecendo e metade da força de trabalho do Brasil terá mais de 50 anos até 2040 (IPEA): essa conta não fecha.
É normal passar boa parte da nossa jornada de vida inseguro achando que ainda não temos experiência profissional o suficiente, e outra parte inseguro ou excluído de fato por ter "passado da idade"? Com certeza não. Isso tudo pode estar nos levando a um grande ciclo vicioso, onde as empresas costumam valorizar pessoas com experiência (para não precisarem de tanto treinamento), mas não com idade "demais".
Por acaso a gente trouxe aqui um exemplo recente de uma situação que ocorreu com um homem, mas o etarismo é ainda mais cruel com as mulheres. Em uma espécie de interseccionalidade entre gênero e idade, as mulheres sofrem mais com a pressão estética e os apelos da juventude. Inclusive, essa pauta está super quente na mídia, com inúmeros relatos de mulheres que passaram dos 50 anos e dizem estar se sentindo maravilhosas, melhores do que nunca.
É preciso saber viver
Falando em estar melhor do que nunca, vamos aqui pensar nas vantagens das pessoas mais velhas em relação às mais jovens no contexto do trabalho?
É claro que não existe regra, mas, de forma geral, a experiência de vida ao longo dos anos vai nos ajudando a desenvolver as chamadas "soft skills" (habilidades interpessoais) e muita inteligência emocional para lidar com os mais variados tipos de situação. É o famoso jogo de cintura. Tanto é que, no mercado, "profissional maduro" é o termo mais politicamente correto para se referir a eles.
Além disso, a diversidade geral da sua equipe, incluindo aí raça, gênero e idade, entre outros fatores, favorece a criação de um ambiente de trabalho mais dinâmico e propício a inovar. É no conflito respeitoso e na falta de consenso que costumam surgir as ideias mais ousadas.
No fim do dia, o que realmente importa é a vontade e a abertura para seguir aprendendo coisas novas todos os dias: a idade está nos olhos de quem vê.
Segundo dados da pesquisa ‘Webshoppers’, os consumidores 50+ foram os que mais fizeram compras online em 2021, totalizando 33,9% dos pedidos e ultrapassando os adultos de 35 a 49 anos. A chamada “Economia Prateada”, que reúne atividades ligadas às necessidades do público 50+, é estimada como uma das principais economias do mundo e movimenta cerca de US$7,1 trilhões por ano no mundo e R$1,6 trilhões por ano no Brasil!
Se você ainda acha que as pessoas mais velhas estão necessariamente "desatualizadas" em relação às tecnologias digitais, talvez seja você que esteja.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Esse assunto ainda não tem toda a atenção que merece, mas já estamos avançando nesse sentido. Quer um pouco de inspiração?
Já existem empresas que viram oportunidades de negócios nesse nicho, como a Maturi, que desenvolve e conecta profissionais maduros com empresas contratantes no mercado de trabalho.
Em dezembro de 2020, a Credicard lançou o projeto Credicard 50+: um programa de recrutamento para profissionais que passaram dos 50 anos. Outras empresas como a Accenture (com a iniciativa Grand Masters) e a Livelo (com a Livelo Expert 50+) estão se propondo a enfrentar essa questão em seus processos seletivos.
A Forbes também está acompanhando esse movimento: além da sua já tradicional lista dos "30 Under 30", desde 2021 a revista de negócios passou a elaborar também uma lista chamada "50 Over 50", elencando histórias de reinvenção e sucesso após os 50 anos.
A TIM, o HubMulher e Deloitte se uniram em prol da diversidade e inclusão geracional e lançaram o “Glossário da Longevidade: um guia para o mercado, a mídia, sociedade e profissionais em geral”, disponível gratuitamente para download aqui.
Mas não basta só contratar. É preciso também pensar em outras ações práticas para combater o etarismo no ambiente de trabalho, como:
Não ter distinção salarial entre colaboradores que tenham a mesma função apenas pelo fato da idade ser diferente;
Criar normas internas contra a discriminação etária;
Promover treinamentos e campanhas de conscientização sobre o tema.
Para todos nós, vale a pena se engajar na causa contra o etarismo desde já. Afinal, se tudo der certo, você também vai envelhecer!
Eu poderia emoldurar essa frase:
"O estranho sobre o preconceito de idade é que esse outro somos nós. O preconceito alimenta-se da negação, da relutância em reconhecer que nos tornaremos essa pessoa mais velha. Não é saudável passar a vida temendo nosso futuro”
- Ashton Applewhite, escritora e ativista contra o etarismo
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