Corre que é cilada: os golpes digitais estão vindo com tudo!
Dia desses, encontrei meu vizinho chegando em casa correndo, nervoso. Em um breve momento de distração, ele havia sido furtado e levaram o celular dele.
Ele abriu o computador e começou a tomar várias providências ao mesmo tempo para evitar que acontecesse o pior: invasão de contas, roubo de identidade e fraudes bancárias. Desconectou a conta do Instagram à distância pelo Instagram Web, alterou senhas do Google, logou em um serviço de nuvem do Android e até conseguiu resetar tudo. O celular ficou zerado, em estado de fábrica.
A reação do meu vizinho retrata um comportamento razoável e justificado, porém recente. Ele está atento aos novos golpes digitais, que estão crescendo rapidamente.
Ao longo desta edição da CoolBox, vamos passear juntos pelo problema até chegar às possíveis soluções que já estão sendo desenhadas pelas empresas interessadas. Vamos?
O golpe tá aí, cai quem quer?
Você deve ter percebido que todo dia tem alguém postando: "Não troquei de número de celular. Não estou pedindo dinheiro. É golpe!" ou algo do tipo. Você provavelmente já passou por isso também.
Vale aqui fazer uma diferenciação: a clonagem é quando a pessoa consegue realmente usar seu número e conta no WhatsApp, o que aumenta a veracidade e, consequentemente, as chances do golpe ser bem-sucedido com algum prejuízo financeiro. O mais comum hoje é um golpe um pouco mais tosco, onde a pessoa usa sua foto com outro número e inventa uma história para justificar a mudança, como dizer que o celular quebrou a tela e está no conserto ou algo do tipo.
A sensação de que os golpes digitais estão aumentando não é paranóia sua, muito menos só uma sensação. Os dados mostram que até maio deste ano já foram registrados mais de 3,6 milhões de bloqueios por tentativas de fraudes em dispositivos eletrônicos, representando um crescimento de quase 50% em relação ao ano passado (PSafe).
Só em 2021, o Brasil registrou mais de 4,1 milhões de movimentações suspeitas, um aumento de 16,8% em relação ao ano anterior. O segmento de Bancos e Cartões foi o principal foco dos golpistas, marcando 2,3 milhões de tentativas de fraude, outro número recorde que representa um crescimento de 33,3% em relação a 2020.
O que pode ter acontecido em tão pouco tempo? Entre outros fatores, um se destaca: o PIX pegou. Em pouco menos de dois anos, 1,6 bilhão de operações já movimentaram cerca de R$800 bilhões através do PIX (InfoMoney)
Com a facilidade de fazer transações bancárias instantâneas e sem taxas, em poucos cliques, os estelionatários de plantão estão se atualizando e migrando para o meio digital. Lembra daquelas ligações por telefone à noite, fingindo para pais e mães apavorados que o filho deles fora sequestrado e pedindo um resgate? Então, as narrativas e os meios mudaram, mas a lógica é quase a mesma.
Pais e mães são justamente as vítimas preferidas desse tipo de golpe. Aliás, mais um motivo para pensar na importância de promover inclusão e educação digital para pessoas que têm menos familiaridade com tecnologia!
-> Leia também: A Internet é inclusiva? (CoolBox)
Sai da minha aba, sai pra lá
Esse tipo de golpe acontece mais com as pessoas físicas, mas atinge também as empresas envolvidas no ecossistema: desde as operadoras de celular até os bancos e bandeiras de cartão de crédito, o crescimento dos golpes digitais é um problema que está mexendo no bolso de gente grande.
Segundo Adriana Mompean, diretora de comunicação da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as instituições associadas investem cerca de R$30 bilhões em tecnologia, sendo 10% desse valor direcionado para a segurança da informação.
Muitos crimes digitais acontecem a partir do vazamento dos seus dados pessoais. Nome completo, CPF e número de telefone são dados que você coloca em qualquer cadastro de loja por aí e que, se caindo nas mãos erradas, podem ser suficientes para se tentar aplicar um golpe.
Na tentativa de diminuir o impacto negativo que esses golpes causam tanto para o consumidor quanto para as marcas, grandes empresas têm se unido para reforçar informações sobre segurança digital e dicas valiosas na hora de fazer compras online. É o caso desta ação #JuntosPelaSegurança promovido pela iCarros, Mercado Livre e OLX.
Ainda nesse cenário de desconfiança, outra situação recorrente são as ligações com números estranhos e desconhecidos, mas que muitas vezes são de empresas que precisam fazer contatos legítimos com seus clientes. Para solucionar este problema, a Google disponibilizou o recurso verified calls (chamadas verificadas), em que o consumidor tem a certeza de que quem está chamando é mesmo uma organização – identificada com nome, logo e motivo do contato antes mesmo de se atender a ligação – ainda que o número da empresa não esteja na agenda de contatos do smartphone.
E na prática, como posso me proteger?
Apesar de toda exposição e risco que a internet pode nos proporcionar, temos algumas soluções fáceis e gratuitas disponíveis para garantir e fortalecer a nossa segurança digital. Em relação ao WhatsApp, um passo importante e bastante simples é ativar a autenticação de dois fatores que pode evitar que seu número seja clonado. Caso esteja ativado, nunca passe o código para ninguém.
Caso você tenha sido abordado por alguém, ainda que muito próximo de você, pedindo dinheiro ou depósito imediato, ligue ou faça uma chamada de vídeo com aquela pessoa para confirmar se foi realmente ela que te mandou a mensagem com o pedido.
Algumas pessoas estão preferindo ter dois celulares: um para usar normalmente na rua e outro com os aplicativos de bancos e/ou corretoras de investimentos, para ficar só em casa. Dependendo do seu grau de exposição e do seu volume de movimentações financeiras, pode ser uma opção.
No Twitter, uma thread bombou com dicas práticas para se fazer depois de ter o celular furtado ou roubado.
Além disso, uma forma de se proteger de fraudes e golpes por compras online (neste caso, o mais comum é quando o consumidor encomenda um produto, geralmente depois de ver um anúncio, e nunca recebe a mercadoria), é fazer uma pesquisa antes de realizar o pagamento: visite a página nas redes sociais da empresa, observe os comentários, veja se eles possuem site próprio ou estão realizando a venda em outras plataformas e se há certificados de segurança no site, confira as avaliações da marca pelo Google, Facebook e ReclameAqui e confirme se há alguma coisa em nome da marca associada a termos como “fraude”.
Via de regra, nunca repassar senhas, dados pessoais ou códigos que dão acesso a suas contas para terceiros, nem em ligações telefônicas, chats ou por meio de formulários; desconfie de links enviados por e-mail, mensagem de texto ou por meio de mensagens diretas (especialmente as encaminhadas com frequência); e ainda, utilize também os recursos de reconhecimento facial ou biométrico do seu aparelho.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, negócio ou carreira?
Como vimos ao longo do texto, a economia sente o impacto dos golpes digitais e, querendo ou não, isso já te afeta de alguma forma. Para pessoas físicas, a ideia aqui é te incentivar a redobrar os cuidados com seus dados e senhas para evitar dores de cabeça no futuro.
Pensando agora como pessoa jurídica, quem tem um negócio deve olhar para esse tema com ainda mais atenção. Estude sobre os meios de pagamento e escolha com cuidado as ferramentas que irá utilizar no seu negócio. Isso porque a sua preocupação deve ser outra, no sentido de proporcionar segurança e transmitir confiança para seus clientes na hora de comprarem de você.
A comunicação também tem um papel importante nessa história, então dependendo do seu nicho, vale pensar em campanhas que possam orientar as pessoas a se prevenirem de possíveis fraudes.
Além disso, faça sempre o backup das informações da sua empresa. O armazenamento adequado dos dados deve ser uma prioridade para as instituições, pois uma violação ou um sequestro podem inviabilizar o negócio e causar dano à marca.
Dependendo do seu negócio, vale a pena investir em tecnologia de proteção de dados, captação e confirmação de informações que fazem constantes conferências. As melhores acusam dados estranhos, situações que sugerem alerta, incoerências e até mesmo informações falsas. As empresas precisam estar em alerta o tempo todo.
De forma geral, podemos dizer que segurança digital é um tema que irá se tornar cada vez mais frequente, ainda que possa soar distante ou estranho em um primeiro momento.
Acreditamos que, na Web3, será cumprida a promessa de que teremos mais controle sobre nossos dados, com sistemas de autenticação e verificação de identidade digital mais robustos, mas isso aí já são cenas para os próximos capítulos.
Eu poderia emoldurar essa frase:
“Quando a ‘esmola’ é demais, o santo desconfia”
Provérbio Popular
Radar do Futuro-Presente
Para aprofundar nesse tema: Dicas para proteger seus dados (Gama)
Sem climão: Whatsapp libera esconder status online e sair silenciosamente de grupos (Folha)
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