Especial nomadismo digital: um estilo de vida em ascensão - parte 1
A gente começa esta CoolBox desejando que ela seja tão gostosa de ler quanto foi de escrever, já que estamos falando de um estilo de vida que habita muitos imaginários por aí. Afinal, que deixe um comentário com um “eu não” a pessoa que nunca sonhou em poder incluir trabalho e viagem em um mesmo pacote, sem precisar deixar para explorar um novo lugar apenas no período das férias.
O título já deu o spoiler. O tema de hoje é o nomadismo digital, um modo de viver que combina liberdade geográfica e trabalho remoto, permitindo que pessoas explorem o mundo enquanto mantêm suas carreiras e negócios em pleno funcionamento.
O assunto rendeu tanto que optamos por dividir em duas newsletters. Assim, parte do conteúdo será desdobrado na próxima semana também. Conta pra gente se curtiu depois?!
Vamos lá?!
Origem e crescimento
Não se sabe ao certo quando o termo “Nômades Digitais” surgiu, mas é fato que ele se tornou mais popular a partir de 1997, com o lançamento do livro Digital Nomad, de Tsugio Makimoto e David Manners.
A publicação narra como as possibilidades tecnológicas daquele momento e futuras, combinadas com nosso desejo natural de viajar, permitiriam mais uma vez que a humanidade vivesse, trabalhasse e existisse em movimento. Muito vanguardista para o período, né?!
25 anos e 1 pandemia depois, temos um estilo de vida que a cada dia conquista mais pessoas. Algumas estatísticas afirmam que o número de nômades digitais no mundo atualmente ronda a casa dos 35 milhões. Só nos Estados Unidos, um estudo da empresa MBO Partners contabilizou 16,9 milhões em 2022, mais que o dobro em relação a 2019*.
Apesar de não termos encontrado números precisos sobre a quantidade desses profissionais itinerantes no Brasil, podemos deduzir que o movimento segue crescente no país também. Ao menos, tem despertado mais interesse do que nunca. Veja abaixo o gráfico de buscas pelo termo “nomades digitais” no Google Trends.
*Curiosidade sobre checagem de dados: durante a pesquisa para esta CoolBox, encontramos inúmeros artigos que noticiam a projeção de que o número de nômades digitais no mundo chegará a 1 bilhão em 2035, atribuindo a informação ao Relatório de Tendências Migratórias 2022, da empresa Fragomen. Reviramos o relatório e não encontramos a informação. Reviramos a internet e descobrimos que se trata de uma projeção apresentada aqui, em 2015. Ou seja, cuidado com as fontes, gente! :)
Vem cá ser nômade digital no meu país
Novos movimentos exigem novas regulamentações que podem ou não ser favoráveis a eles. No caso do nomadismo digital, o envelhecimento da população em alguns países e a consequente falta de força de trabalho qualificada têm contribuído para a criação de incentivos capazes de atrair talentos que podem se beneficiar com o trabalho remoto. As iniciativas visam à revitalização de setores que estão sofrendo com o aumento das taxas de rotatividade de profissionais.
De acordo com o Relatório de Tendências Migratórias 2023, da Fragomen, só na América Latina e Caribe há 17 países com políticas criadas para nômades digitais, com vistos específicos para esses profissionais. No Brasil, segundo os dados coletados com o governo federal pela pesquisa, foram 355 vistos emitidos em 2022, uma média de 1 por dia.
Quem pode ser nômade digital?
Embora a gente saiba que nem todas as profissões sejam adequadas para o trabalho remoto, condição indispensável ao nômade digital, a pandemia veio provar que até algumas áreas mais tradicionais, como certas especialidades do Direito, ou que supostamente exigiriam mais interação pessoal entre as partes envolvidas, como a Psicologia, também podem usufruir da mobilidade.
Segundo o relatório “O futuro do trabalho remoto”, também da Fragomen, algumas das características que viabilizam esse tipo de trabalho incluem:
A natureza da ocupação: funções baseadas em computador, com responsabilidade limitada dentro de uma empresa e que podem ser desempenhadas de forma assíncrona.
A natureza das tarefas: tarefas de escritório realizadas em computador.
As características do setor: setores mais digitalizados tendem a ter maior potencial para o trabalho remoto.
As características da empresa: empresas maiores geralmente têm mais infraestrutura para o trabalho remoto e empresas menos tradicionais tendem a ser mais flexíveis.
Características do país: países de renda mais alta têm maiores níveis de teletrabalho devido à sua economia do conhecimento e infraestrutura tecnológica.
Outro levantamento, dessa vez da plataforma Brothers Abroad, afirma que 83% dos nômades digitais são profissionais autônomos/empreendedores, enquanto 17% são contratados por empresas que disponibilizam vagas para o trabalho remoto.
As profissões mais comuns para os nômades digitais são marketing, ciências da computação/TI, design, redação e comércio eletrônico e representam 51% de todas as profissões relatadas de nômades digitais.
14% das profissões de nômades digitais são carreiras não comumente associadas a nômades digitais, como arquitetura, medicina, direito, planejamento urbano, engenharia e outras, incluindo as seguintes:
Fonte: Brothers Abroad
Leia também: O trabalho remoto voltou a diminuir no Brasil: retrocesso cultural ou ajuste de rota?
Continua…
Com essas informações, finalizamos o panorama do nomadismo digital até o momento. Na próxima CoolBox, abordaremos as dores e delícias que nos levam a crer na transitoriedade desse estilo de vida e o seu impacto nos negócios.
Aguarde! ;)
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