Nowstalgia: por que é tão difícil viver o momento presente?
A palavra "Nowstalgia" vem da junção entre "Now" (agora) e a nostalgia tradicional, que é um sentimento de saudade de momentos felizes vividos no passado, associada a um desejo sentimental de voltar para uma época ou fase da vida que já não existe mais.
Nesse sentido, essa "Nowstalgia" pode ser definida como aquela sensação de perceber que você está vivendo agora um momento especial, que será lembrado depois como uma memória boa ou uma história para se contar aos filhos e netos, sabe?
O irônico é que, quando nos damos conta disso ou quando pegamos o celular para fazer um vídeo e registrar o momento, a mente já voou para outro lugar. E a alegria profunda foi junto.
Nós aqui na CoolHow acreditamos que recuperar nossa capacidade de estar aqui agora é possível - e urgente.
E você, topa mergulhar nesse assunto com a gente?
Saudades do que a gente ainda não viveu
Em um momento em que o futuro parece ameaçador e o passado recente não traz bons sentimentos (será que tem alguém com saudade de 2020?), podemos estar tendo uma oportunidade de voltar nosso foco para o presente.
Na prática, porém, nunca foi tão difícil viver o momento presente. Distraídos e bombardeados por estímulos, nossa atenção vale dinheiro e é disputada por muitas forças diferentes. Não faltam produtos que prometem solucionar essas novas dores que surgem a partir disso: das aulas de Yoga, cristais, óleos essenciais aos coaches de autoconhecimento, que bombaram no auge da pandemia.
Segundo o TikTok for Business, a "Nowstalgia" é uma macrotendência que se desdobra em três: Hedonismo de Cura, "Happiness Everywhere" e "Super Ordinary" - a busca pela cura por meio do prazer, a volta da positividade e a transformação de eventos cotidianos em extraordinários, nessa ordem. Discussões sobre positividade tóxica à parte, é interessante observar o que esses três movimentos podem estar nos contando sobre uma cultura impulsionada pela Geração Z, que já nasceu conectada, e compartilhada com os Millennials.
E as redes sociais têm um papel fundamental nisso. O próprio Instagram, que também é um dos responsáveis por muitas mudanças profundas na forma com que nos relacionamos, já carrega no nome a ideia de instantaneidade - algo que é momentâneo, efêmero, breve.
Click
Entrando mais fundo nesse assunto dos celulares e redes sociais, as fotos e os vídeos são uma forma de expandir nosso HD de memória interna.
A psicóloga Linda Henkel, da Universidade Fairfield, nos EUA, levou voluntários a um museu em um estudo. Um grupo estava com câmeras na mão. O outro, sem nada. No dia seguinte, ela mostrou imagens de obras de arte aos participantes, perguntando se estavam ou não no museu. O grupo que tirou fotos teve mais dificuldade em reconhecer as obras que tinham visto.
“As pessoas delegam à câmera a tarefa de lembrar as coisas por elas. E isso tem um impacto negativo na forma como elas recordam suas experiências”, concluiu a psicóloga.
De forma geral, podemos dizer que, nessa transição do analógico para o digital, a fotografia saiu de um lugar de escassez para o de abundância. E a disponibilidade de um bem tem um impacto direto no valor que damos a eles.
Não estamos aqui naquela posição de ficar torcendo o nariz, julgando e criticando quem gosta de tirar fotos para registrar e postar no Instagram ou no TikTok. Longe disso, ainda mais pelo fato da CoolHow acreditar no conteúdo digital como ferramenta de transformação e trabalhar com isso há mais de 10 anos, desde 2011!
Porém, passada a euforia inicial com os primeiros anos de Smartphones na mão e redes sociais, acreditamos que agora talvez seja a hora certa da gente tirar o pé do acelerador e passar a fazer escolhas mais intencionais e conscientes.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, negócio ou carreira?
O assunto é longo e denso, então não temos a pretensão de esgotar tudo em um texto. A ideia da CoolBox é fazer uma curadoria de conhecimento, com informações confiáveis que abrem caminhos para quem quer se aprofundar ainda mais em cada um dos assuntos que abordamos por aqui.
Dito isso, não temos uma conclusão e nem uma resposta para dar. Porém, se assim como a gente, você também está nessa busca de resgatar a sua capacidade natural de viver o momento presente, podemos pensar aqui juntos em pequenas coisas que podem ser feitas nesse sentido.
Por exemplo: você observa quantas horas do seu dia passa rolando infinitamente o Feed das redes sociais, com a atenção totalmente dispersa? Existem ferramentas de bem-estar digital, algumas que já vêm instaladas no próprio celular, que podem te ajudar a monitorar seu tempo de tela e até traçar metas.
Quando surgir o impulso de tirar seu celular do bolso para gravar um vídeo ou uma foto de algo interessante, tente pensar duas vezes ao invés de simplesmente agir no modo piloto automático.
Busque incluir em sua rotina pequenos rituais sem usar o celular, como a hora de acordar e/ou de dormir e também a hora das refeições como momentos sagrados. Se possível, tente colocar isso em um acordo com as pessoas que convivem diariamente com você para transformar essa mudança de hábitos em um desafio compartilhado.
Sem radicalismos, podemos encontrar caminhos do meio para reduzir a quantidade (ou melhorar a qualidade) dos estímulos que chegam até nós. Seu cérebro agradece!
Agora pensando pelo lado das marcas e negócios: seja no TikTok ou em outras plataformas, as pessoas da nova geração estão liderando tendências e movimentando a economia digital.
Para que a sua marca prospere ou mesmo continue viva ao longo do tempo, é muito importante acompanhar esses movimentos, os relatórios de tendências e todas as pistas que temos do futuro, mas sempre lembrando que o futuro é algo que se constrói hoje.
Eu poderia emoldurar essa frase:
"O melhor lugar do mundo é aqui e agora"
(Gilberto Gil)
Radar do Futuro-Presente
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