Como desenvolver uma cultura de aprendizagem para inovação?
A gente sabe que tem muita gente aí que já está dando aquela viradinha de olho toda vez que começa a ler algum artigo relacionado ao SXSW e seus derivados. Sinais dos tempos. Afinal, hoje em dia os eventos são tão explorados enquanto estão acontecendo que, quando terminam, parece até que perde o sentido continuar falando sobre eles.
Mas… Não é bem assim que nós entendemos o conhecimento, sobretudo porque reconhecemos o privilégio que é estar em eventos como esses. Por isso, mesmo depois de três semanas após o fim do SXSW Edu 2024, estamos aqui para fechar a série de edições da CoolBox sobre o tema e falar da quinta tendência de Educação que mapeamos por lá: a Cultura de Aprendizagem para Inovação.
Vamos lá?!
Poderia ter sido a gente, mas foi a Amy Webb que disse
No bate-papo que fizemos no dia 18 de março, a Nanda Miranda, líder de design de experiência da CoolHow, introduziu o tema da Cultura de Aprendizagem para Inovação citando o relatório de Tendências de Tecnologias Emergentes 2024 lançado durante o SXSW pela Amy Webb, CEO do Future Today Institute.
Nesse relatório, Webb aponta a Educação como uma das 11 macro fontes de disrupção na atualidade. Ou seja, não tem como negar o papel da Educação para a construção de presentes e futuros melhores.
Como a Nanda bem pontuou, a Educação em que a gente acredita na CoolHow é a educação de Paulo Freire e de bell hooks*, pautada pela liberdade e pela mudança. Uma Educação que tem a potência de preparar as pessoas para que elas se tornem agentes de mudança de suas realidades.
No entanto, para que isso aconteça, é importante compreendermos a Educação para além de uma disciplina ou um curso isolado, ou, no contexto das empresas, para além de um simples treinamento. Uma Educação transformadora, portanto, envolve o desenvolvimento e a consolidação de uma cultura de aprendizagem.
Mas como isso é possível na prática? Bem, foi o que o Tiago Belotte explicou!
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*A letra minúscula foi escolhida para dar enfoque ao conteúdo da sua escrita e não à sua pessoa.
Inovação é sobre seres humanos
Parece óbvio e simples falarmos disso, mas não é. E explicamos o porquê.
Na prática do dia a dia, é comum olharmos para a inovação procurando por frameworks, templates, métodos, ferramentas e/ou tecnologia. A gente não olha para a inovação necessariamente partindo desse princípio de que a inovação é sobre seres humanos.
O ponto ao qual queremos chegar é que, ao mesmo tempo em que nutrimos a certeza de que são os seres humanos que fazem a inovação, nem sempre levamos em consideração que são os seres humanos que sentem medo, que muitas vezes não acreditam na inovação e/ou que são resistentes a experimentar coisas novas.
Pense em quantas pessoas assim você conhece. A própria Amy Webb, durante sua apresentação no SXSW, citou o fato de as lideranças com as quais ela trabalha estarem vivendo um momento de intensa paralisação em razão do medo, da incerteza e da dúvida.
Nesse sentido, o tema da Cultura de Aprendizagem voltada, justamente, para a inovação, surge como uma provocação para que nós nos vejamos como seres humanos e nos reconheçamos não como máquinas de pensar, mas como máquinas de sentir que pensam, como bem define o neurocientista António Damásio.
Ou seja, de que forma podemos entender e acolher o nosso medo, o fato de que muitas vezes somos descrentes do processo de inovação e a ideia de que nem sempre gostamos ou estamos dispostos a experimentar coisas novas?
"Por outro lado, como podemos facilitar ou ajudar para que cada um de nós consiga se colocar no lugar de buscar novas soluções e respostas?" Porque isso é o que o momento nos exige. Precisamos buscar novas respostas para os problemas complexos que enfrentamos, como a crise climática, por exemplo.
Precisamos buscar novas respostas, também, porque estamos lidando com novas tecnologias que nos desafiam a criar um futuro que seja realmente melhor para todo mundo e para que a tecnologia seja, de fato, uma alavanca pro bem estar da humanidade em sua pluralidade.
Por isso, nós precisamos aprender. E precisamos aprender de forma contínua. Entretanto, para aprender de forma continuada, a gente precisa se colocar no lugar de empoderamento, de potência para o aprendizado e não de medo, de estagnação. E a grande dificuldade, muitas vezes, está relacionada à ambiência de aprendizagem.
Ambiência
No contexto da aprendizagem, a ambiência se relaciona à criação de um ambiente capaz de fazer com que alguém se sinta mais confortável ou menos desconfortável diante de determinada situação.
Ela pode ajudar a diminuir o medo, a descrença e a falta de gosto ou interesse por experimentar coisas novas. Pode, ainda, envolver as pessoas para que elas participem do processo de aprendizagem de forma mais natural, coletiva, colaborativa e comunitária.
Considerando que a inovação não é apenas uma habilidade, mas uma competência que combina atitudes e valores, a criação de ambientes seguros e propícios para a aprendizagem nas empresas pode impulsionar a ação.
De forma prática, uma ambiência favorável ao processo de aprendizagem envolve tanto aspectos físicos, como mobiliário, decoração, biblioteca, tecnologia e recursos disponíveis, etc, quanto não físicos, como nível de interação entre colaboradores, tolerância ao erro, postura das lideranças, experiências de aprendizagem, potencial de flexibilidade e adaptabilidade, etc. Ou seja, envolve consolidar uma cultura voltada para a Educação, uma cultura de aprendizagem.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Para responder a essa pergunta, vamos começar citando e atualizando alguns dados que o vice-presidente de educação corporativa da Exame, Bruno Leonardo, usou neste artigo sobre cultura de aprendizagem. Alguns deles, inclusive, já foram citados em outras edições da CoolBox:
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2028, 44% das habilidades básicas dos profissionais vão mudar.
22% dos trabalhadores dos Estados Unidos estão preocupados que os avanços tecnológicos tornem os seus empregos obsoletos. Inclusive, já há um termo para isso: FOBO (Fear of Becoming Obsolete, ou medo de ficar obsoleto). Gallup
80% dos empregadores do Brasil encontram dificuldades para recrutar os colaboradores - ManpowerGroup
Ainda que as pesquisas acima tenham sido realizadas em diferentes lugares, sabemos que todas as informações estão interrelacionadas. A aceleração das transformações promove insegurança, que promove estagnação, que promove escassez de talentos. Logo, coloca em vantagem as empresas que adotam a cultura de aprendizagem como forma de incentivo ao desenvolvimento contínuo e à inovação.
Ao trazer o tema para a discussão, o que propomos aqui é uma reflexão sobre o quanto a mudança de cultura exige, antes de tudo, uma mudança de pensamento sobre a forma como a Educação é vista e praticada pelas empresas. Mais do que isso, sobre a contradição entre querer inovar e, ao mesmo tempo, sentir a dificuldade para abraçar o novo.
As mudanças rápidas e complexas do nosso tempo nos deixam diante de dois caminhos. Podemos nos paralisar pela insegurança e pelo medo, ou podemos incorporar a cultura de aprendizagem em nossas vidas e nossos negócios, cientes de que, enquanto seres humanos, muito do que sentimos também é compartilhado.
Na CoolHow, somos especialistas em desenvolver experiências de aprendizagem com este olhar para a Educação continuada. Inclusive, se você deseja saber um pouco mais sobre como as nossas experiências de aprendizagem são desenvolvidas, reforçamos o convite que temos feito para que você participe do nosso Festival de Conteúdo LXD, com uma série de e-mails bem didáticos sobre as abordagens de design que aplicamos em nossas soluções. Insistimos porque realmente acreditamos que esse conteúdo pode fazer muita diferença para você.
Para emoldurar e colocar na parede
"Se quisermos impulsionar a inovação, precisamos ser pessoas genuinamente curiosas, especialmente em relação aos seres humanos, pois eles desempenham um papel fundamental nesse processo. É importante entender que os seres humanos são motivados principalmente por duas forças: evitar a dor e buscar o prazer. Embora esses aspectos sejam subjetivos, há sempre uma explicação para todos os comportamentos."
Bridget Burns, diretora executiva da University Innovation Alliance, no talk Creating a Culture of Innovation & Change (That Works), no SXSW Edu 2024
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