Imagens importam. Das fotos em um clique aos vídeos curtos em feeds infinitos, os estímulos visuais estão mais fortes do que nunca.
Estamos vivendo um momento de consolidação da comunicação digital como um dos principais vetores de comportamento e cultura, então é hora de refletir com calma e atenção sobre quais valores estão sendo comunicados através das marcas e qual é o papel do design neste processo.
Hoje a CoolBox é todinha sobre ele, o design, como uma possível e potente ferramenta de inclusão.
Tudo sobre pessoas
O design inclusivo é um termo que está se disseminando com a ideia de tomar decisões de design que colocam as pessoas em primeiro lugar, projetando conteúdos, produtos e serviços que consideram necessidades específicas.
A acessibilidade para atender pessoas com algum tipo de deficiência é um dos principais aspectos do design inclusivo: o IBGE estima que 24% da população brasileira se reconhece como pessoa com deficiência, o que significa cerca de 45 milhões de pessoas. É muita gente.
Outro assunto que vem ganhando destaque nesse campo é a linguagem neutra, que considera as questões de gênero e sexualidade das lutas LGBTQIAP+ na hora de escrever.
Mas nós ainda podemos ir além para usar esse termo 'design inclusivo' como um guarda-chuva que também olha para questões igualmente relevantes: a linguagem simples, por exemplo, é um movimento que tem como missão tornar os textos de fácil entendimento para qualquer pessoa, como forma de agilizar negócios, fortalecer a cidadania e reduzir desigualdades.
Quem você escuta?
Conversamos sobre esse assunto com a Elis dos Anjos - designer, fundadora da Criamia e Presidente do Comitê Diversidade e Inclusão da ABEDESIGN (Associação Brasileira de Empresas de Design) e trouxemos para cá alguns dos insights dela como um guia para a nossa conversa de hoje.
Para a Elis, o design cria processos, soluções e transformações dentro de uma comunidade.
Nesse sentido, um bom ponto de partida para começar a adotar princípios do design inclusivo seria fazer as seguintes perguntas: a quem o seu design está servindo? O que essas pessoas desejam e do que elas precisam?
Ainda que possua um imenso poder de transformação, o design precisa estar alinhado a outras áreas do conhecimento para atuar, praticar e assim promover efetivamente a diversidade e a inclusão. Mas ela também lembra que isso é uma escolha e, portanto, precisa haver intencionalidade.
Não existe design sem referência: assim como em qualquer trabalho criativo, temos sempre que partir de um ponto anterior, de algo que já existe. Mas e quando todo mundo parece estar bebendo das mesmas fontes? Nesse sentido, podemos fazer outras perguntas: quem você escuta? São pessoas que se parecem com você? Essas ideias te trazem conforto ou inquietação?
O SXSW (South by Southwest) é muito relevante sim, mas que tal a gente pensar menos no hype e passar a olhar mais para a inovação que brota todos os dias nas quebradas e periferias do nosso Brasil com S?
Como questionou a Monique Evelle nesse texto, um evento que acontece nos Estados Unidos e cujo ingresso custa 2 mil dólares não pode ser visto como o espaço onde serão construídos novos caminhos para resolver os problemas que nos trouxeram até aqui.
Precisamos ampliar e, sobretudo, descolonizar as nossas referências.
Por exemplo: praticamente na mesma época do SXSW 2023, aconteceu aqui mesmo em terras brasileiras o ExpoFavela, em São Paulo, com a proposta de conectar empreendedores periféricos e investidores. Passar um dia em um evento como esse é ter a chance de mergulhar em novas narrativas do mundo que estão sendo escritas, captar sinais de transformação e escutar demandas de mercado que talvez ainda estejam passando despercebidas ;)
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Se você atua direta ou indiretamente com design, esperamos que os caminhos que apontamos aqui sirvam como pontapés de reflexão e informação para que você já comece a aplicar no seu trabalho: nas escolhas de imagens, referências, cores e fontes, busque trazer a intencionalidade para o cotidiano.
Gestores também podem se envolver na causa, determinando ou coordenando a adoção de ações práticas como o uso de intérpretes de libras em eventos, áudio-descrições em conteúdos, entre outras.
Quer mais um bom exemplo? O conhecimento de uma língua estrangeira é uma grande barreira de exclusão, então essa iniciativa do Itaú de oferecer ao público o serviço de tradução simultânea no SXSW é super bem-vinda!
Como sempre reforçamos aqui, não podemos ter ingenuidade para falar sobre esse tipo assunto. As empresas estão correndo atrás disso porque estão sendo pressionadas e também porque, estrategicamente, isso pode ser rentável e lucrativo.
Como nos lembrou a Elis na conversa que tivemos, incluir e diversificar é atingir um mercado maior - e todo mundo merece um lugar ao sol.
O caminho é longo, mas precisamos começar.
Você vem?
Eu poderia emoldurar essa frase:
"Como designer, meu trabalho passa por prever e projetar emoções ao desenhar a identidade de uma marca, para que essas emoções possam ser transformadas em sentimento, naquilo que se conecta profundamente com uma pessoa e torna memorável essa relação marcas – pessoas – negócios"
- Elis dos Anjos, designer, fundadora da Criamia e Presidente do Comitê Diversidade e Inclusão da ABEDESIGN (Associação Brasileira de Empresas de Design)
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