Eu não sei: a humildade como chave para o aprendizado e a liderança
Já podemos normalizar um "Não sei, vou procurar saber" em uma aula, reunião ou outra situação de contexto profissional, sem que isso signifique falta de competência?
Já podemos retirar a aura de glamour dos chefes abusivos e tóxicos no estilo "O Diabo Veste Prada?"?
Se dependesse da gente aqui na CoolHow, com certeza.
Essa fase da liderança arrogante "sabe-tudo" pode estar chegando ao fim. Ainda que a passos lentos, estamos caminhando para um momento em que bons líderes estão cada vez mais focados em soft skills (habilidades socioemocionais) e a humildade é uma palavra-chave nesse processo.
Só sei que nada sei
No dicionário, humildade significa "virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações". Os opostos seriam arrogância, orgulho e soberba. Apesar da definição mais tradicional também ser ligada à ideia de modéstia, perceba que ela não é o oposto de autoconfiança.
Então, sim, é super possível ser confiante, saber o valor do seu trabalho, se posicionar com firmeza e, ainda assim, ser humilde para reconhecer suas limitações e aceitar contribuições de outras pessoas.
Ser humilde é saber quem você é e onde você está: nem a mais, nem a menos. Olhar nos olhos de outra pessoa sem se colocar abaixo, nem acima.
-> Leia também: CoolBox - cultura de confiança como base para a inovação
Um bom motivo para cultivar a humildade é o fato de que todo mundo erra, todo mundo vai errar. Já falamos aqui antes sobre o conceito de repercepção, proposto pela futurista Amy Webb. Nessa mesma linha, o psicólogo organizacional e autor best-seller Adam Grant lançou recentemente um livro com o título "Pense de Novo".
Essas duas referências estão alinhadas no sentido de que as nossas visões são naturalmente limitadas e enviesadas, como por exemplo o viés de confirmação, em que a pessoa vê o que espera ver.
Assim, para seguir aprendendo e inovando, é preciso esvaziar seu copo para poder receber algo dos outros. Em linguagem bem brasileira e simples, é o bom e velho "baixa a bolinha" :D
Da escola ao escritório
Todo mundo que tem a sorte de poder conviver com crianças sabe que o olhar infantil é cheio de lições valiosas.
Bebês e crianças são seres essencialmente vulneráveis que precisam de cuidados para se desenvolverem, até terem a autonomia necessária para viverem sem a supervisão direta de um adulto. Para isso, elas precisam se manter abertas e receptivas ao aprendizado constante.
-> Leia também: CoolBox - aprender todo dia (Lifelong Learning)
Na dinâmica mais tradicional da escola ou da sala de aula como um todo, os professores tendem a ocupar esse papel de autoridade "infalível". Por exemplo: não conseguir responder uma pergunta é visto como sinal de fraqueza, então muitos preferem enrolar e dar uma volta ao mundo para fugir do assunto ao invés de simplesmente dizer "Não sei, mas vou procurar saber e te retorno".
Nos escritórios, a dinâmica parece se repetir de alguma forma. Com tantos especialistas de plantão, somos cobrados a manter essa postura e a jamais abaixar a guarda. Muitos enchem a boca para falar de algo que não dominam. Isso te lembrou o embate de opiniões nas redes sociais? Pois é.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Quando pensamos em inovação e os motivos para uma empresa estar estagnada, é comum imaginar questões como estruturas muito rígidas, questões de regulamentação, entre outros.
Mas e se a gente te dissesse que egos podem estar na frente, impedindo sua empresa de inovar?
Como líder, permita-se falar menos e ouvir mais as pessoas do seu time, mudar de ideia e admitir um erro quando ele ocorrer. Isso abrirá espaços para as outras pessoas também agirem da mesma forma, criando uma atmosfera de segurança psicológica com respeito, confiança e abertura.
Segundo Grant, essa atmosfera é a base para uma cultura de aprendizagem que, por sua vez, é essencial para a inovação.
Por outro lado, consensos são raros e não dá para agradar todo mundo. Ficar mudando de ideia ou de direção toda hora pode trazer uma instabilidade que abala a confiança dos seus colaboradores, clientes, fornecedores, investidores, enfim, de todos os envolvidos no ecossistema da sua empresa.
Assim como tudo na vida, é uma questão de equilíbrio.
Eu poderia emoldurar essa frase:
"Rever nossos pensamentos pode ajudar a encontrar novas soluções para problemas antigos e a redescobrir soluções antigas para problemas novos. É um caminho para aprender mais com as pessoas ao nosso redor".
- Adam Grant
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