Ô, abre-alas: a economia da cultura voltando com tudo!
"Em Feve-re-iro tem Carnaval" 🎶
Está chegando (em alguns lugares, já até chegou) a época do ano que divide opiniões aqui no Brasil. Ame ou não, uma coisa é fato: do turismo à publicidade, o Carnaval gera empregos e renda e é muito importante para a economia do nosso querido país.
Bora conversar sobre isso?
Ei, você aí: me dá um dinheiro aí!
Depois de anos sombrios com a pandemia e obstáculos políticos, tanto o mercado de turismo como o da cultura estão buscando se recuperar do baque. Nesse contexto, festas como o Carnaval servem como uma boa injeção de ânimo (e, com sorte, de dinheiro) para movimentar todo esse fluxo.
A expectativa é de que 46 milhões de pessoas participem do Carnaval esse ano, movimentando cerca de 8,1 bilhões de reais em todo o país (CNC) em serviços de hospedagem, restaurantes, bebidas, transporte, música, entre outros envolvidos direta ou indiretamente em um grande ecossistema. Na ponta mais frágil dessa cadeia produtiva, temos costureiras, cozinheiras e vendedores ambulantes, que muitas vezes tiram do Carnaval o sustento de quase um ano inteiro!
Isso sem falar no mercado de comunicação e conteúdo digital, que também se aquece através de creators, marcas contratantes, agências de comunicação e profissionais freelancers de áreas como fotografia, audiovisual, design, maquiagem e muitos trabalhos de bastidores.
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Dentre outras particularidades desse universo, vale comentar que projetos culturais dificilmente conseguem se sustentar sozinhos por muito tempo só com a venda de ingressos para o público final (isso quando há). Para conseguir remunerar de forma minimamente digna todo o pessoal envolvido em uma produção, esses projetos também precisam ser fomentados pelo poder público e privado, através de leis de incentivo e/ou patrocínios diretos.
A boa notícia é que o Ministério da Cultura terá o orçamento recorde de R$10 bilhões em 2023 (Valor Investe), que serão geridos pelas Secretarias e distribuídos através de leis de incentivo como a Lei Aldir Blanc e Paulo Gustavo. Para efeitos de comparação, vale dizer que o primeiro ano do governo Bolsonaro destinou apenas R$2,1 bilhões para a pasta.
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Patinho feio?
Mesmo com tanto potencial, esse é um mercado que enfrenta não só todas as dificuldades estruturais e políticas do Brasil, como ainda um certo preconceito por parte de pessoas e setores mais conservadores. A cultura ainda é vista como um "patinho feio", como se fosse apenas um hobby e não um trabalho de verdade para tanta gente ou como se não pudesse ser um bom negócio pelo lado financeiro. Já no campo ideológico, é atacada quando traz mensagens mais críticas e/ou representa valores contrários ao sistema.
Além dessas questões, outro grande desafio na economia da cultura é uma distribuição mais justa dos recursos, geralmente concentrada no eixo sudestino Rio - São Paulo e com outros vieses como raça e gênero. Nossa provocação - e desejo - aqui hoje é de que as discussões sobre Diversidade & Inclusão que andam em alta nas empresas também cheguem com mais força nas Secretarias de Cultura.
E estão chegando.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o Programa de Fomento Carioca (FOCA) definiu mecanismos e ações para incentivar a inscrição de projetos vindos de territórios periféricos e conseguiu realizar avanços significativos: em 2021, mais da metade dos aprovados (51,54%) nesse Programa vieram das zonas Norte e Oeste da cidade (Prefeitura Rio).
Estamos compartilhando aqui para ajudar a disseminar essa ideia e, quem sabe, inspirar instituições e pessoas com as canetas nas mãos a realizarem ações nesse mesmo sentido.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
A arte é um motor importante para as grandes transformações culturais de paradigmas e pensamento, além de ser um território fértil de ideias para inovação. Portanto, tudo que diz respeito ao setor artístico-cultural deveria receber mais atenção de todas as pessoas. Não é o que acontece, então estamos tentando fazer daqui a nossa parte para contribuir com o processo!
Ainda que você não se veja como parte da economia criativa, pense em como ela te impacta e em como ela poderia te beneficiar indiretamente. Por exemplo: quais são as dores que artistas no Brasil vivem e que você poderia solucionar com um produto ou serviço?
Como consumidor final, vale também buscar mais informações sobre como funciona esse mercado e assim pensar em formas de apoiar artistas e fazedores de cultura.
O importante é não deixar o samba morrer.
Eu poderia emoldurar essa frase
"Os carnavais em momentos de crise são mais potentes porque a festa é um instrumento de subversão. É um exercício de cidadania por canais que não são formais. É cultura de fresta."
- Luiz Antonio Simas, escritor e historiador especializado em festas populares.
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Radar do Futuro-Presente
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