Pode ser divertido, mas é trabalho: a criatividade como motor para a economia
Já reparou?
Dos designers que são vistos como quebra-galhos ("Meu sobrinho faz pra mim no Canva"), aos artistas que recebem propostas indecentes para trabalharem de graça, os trabalhos criativos tendem a ser subestimados.
Sim, hoje a nossa CoolBox é dedicada especialmente aos profissionais da chamada economia criativa: pessoas desenhistas, músicos, atores, escritores, roteiristas, entre outras pessoas que trabalham duro nos mercados de comunicação, arte e entretenimento.
Vamos combinar uma coisa, cá entre nós? Em muitos momentos pode até ser um trabalho divertido e prazeroso, mas não deixa de ser trabalho.
De humanas, exatas ou criativas?
Há pouco tempo, era comum as pessoas que iam fazer prova de vestibular se depararem com sua escolha de curso a partir de dois grandes blocos: a galera de Humanas, que gosta de um ~textão~ e a galera de Exatas, que manja de Excel e se garante nas planilhas.
Mas já foi-se o tempo em que as "grandes carreiras" precisavam passar pelo Direito, Medicina ou Engenharia e que essa divisão toda fazia sentido. Bom… Críticas mais profundas ao sistema à parte, o mundo está se transformando a olhos vistos. E o trabalho, como um dos principais pilares estruturantes da sociedade, não poderia passar batido por tantas mudanças.
A Internet, sempre ela, vem abrindo horizontes de quase infinitas possibilidades e criando novas profissões que sequer existiam na época dos seus pais.
Por exemplo: hoje, uma pessoa que decide (ou necessita) empreender, vai precisar de uma gama de conhecimentos gerais e específicos para aprender a gerir seu próprio negócio que talvez nem encontre em uma faculdade só. Outro exemplo nesse sentido é o próprio Marketing, como uma área multidisciplinar - meio de Humanas, meio de Exatas.
-> Leia também: A Neurociência como apoio no Marketing (CoolBox)
Portanto, a tecnologia tem sido um fator de impulso para o crescimento da economia criativa no Brasil e no mundo.
Brasil, meu brasil brasileiro
Nosso Brasil é conhecido por sua alegria, resiliência e criatividade, que se traduzem em diversas referências estéticas e símbolos que culminam no maior Carnaval da Terra. Isso tudo alimenta a imagem e a projeção do país no mundo, que pode atrair mais visitantes para o mercado de turismo e estimular ainda mais a economia.
O Estudo Branding Brasil, realizado pela agência Ana Couto, já identificou que reconhecemos a criatividade como nossa maior força: “o brasileiro é criativo, faz do limão uma limonada”.
Estamos falando de todo um ecossistema criativo que abrange setores de Consumo, Mídia, Cultura e Tecnologia e representa quase 3% do nosso PIB, movimentando, em média, R$ 171,5 bilhões por ano na economia, gerando 6,6 milhões de empregos e composta por mais de 140 milhões de empresas (Firjan).
Falando mais especificamente do mercado de conteúdo e influência digital, que está quente e fervendo: a Creator Economy é um mercado estimado em mais de USD13 bilhões (Statista) e movimentou mais de USD1,3 bilhão em 2021 (CB Insights). No Brasil, podemos dizer que ainda estamos alguns passos atrás nessa Creator Economy, porém estamos caminhando nessa mesma direção.
Há um fator importante e bem particular na economia criativa, que é o seu poder para a formação de elos entre pessoas, comunidades e grupos sociais diferentes. Ou seja, não podemos cair no erro de justificar sua importância apenas através dos números e cifrões de dinheiro. Por meio do compartilhamento de experiências culturais, as comunidades podem se conectar e, assim, reduzir seus níveis de tensão, sendo importantes para a saúde e o bem-estar das pessoas.
E isso tem muito valor.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Segundo projeções do Fórum Econômico Mundial, até 2025 a automação irá eliminar 85 milhões de empregos no mundo, enquanto a nova divisão de trabalho, entre máquinas, humanos e algoritmos, irá criar 97 milhões.
A Inteligência Artificial (I.A) já é capaz de realizar trabalhos criativos, como vimos nessa CoolBox aqui, mas estudos sugerem que os países com uma economia criativa mais forte tendem a sofrer menos com a transição para a automação de máquinas. Há, inclusive, uma tendência de aumento de empregos nas profissões criativas (McKinsey & Company).
Como vimos, a economia criativa é um motor de importância cultural e estratégica para o desenvolvimento no Brasil. As pessoas e as empresas têm seu papel nesse processo, mas o protagonismo precisa ser do setor público. Quem diz isso é John Howkins, autor do livro "Economia Criativa".
Por fim, outra particularidade que vemos na economia criativa é o fato de serem trabalhos muito ligados à imagem. São universos fascinantes, cheios de estímulos e armadilhas. Por isso, especialmente para quem está começando, vale o alerta de não se deixar seduzir pela aura de glamour. Trabalho é trabalho e o combinado não sai caro: mesmo que seja um valor baixo, não deixe de cobrar pelas suas entregas e busque formalizar o serviço prestado.
Valorize-se!
Nesse momento de avanços tecnológicos e transformações rápidas, o mundo precisa de cada vez mais pessoas criativas que saibam lidar com o improviso e a intuição, ressignificando conceitos e adaptando-se às mudanças, entre outras habilidades socioemocionais que não cabem em planilhas.
E você, se vê como um profissional criativo?
Eu poderia emoldurar essa frase:
"A criatividade exige coragem"
Henri Matisse, artista francês (1869 - 1954)
Radar do Futuro-Presente
Para se aprofundar no tema de hoje: faça o download do Mapeamento da Indústria Criativa 2022 (Firjan)
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