Olha quem chegou: a I.A vai fazer parte da nossa vida?
O metaverso já flopou? 🤔
Nos últimos meses, o grande assunto no mundo do trabalho e da tecnologia é a Inteligência Artificial. Do SXSW aos feeds no LinkedIn, temos visto muitas palestras, posts e análises sobre o uso dessas ferramentas pipocando por aí.
Caso você esteja se perguntando, esse texto aqui foi escrito por uma pessoa de carne e osso e não pelo ChatGPT. Por isso mesmo, vou pedir licença para usar a primeira pessoa do singular e te contar que quando fiz vestibular, em 2012, o trabalho que eu faço hoje praticamente não existia.
Agora em 2023 eu vou completar 7 anos de estrada trabalhando com conteúdo digital e redes sociais - em todo esse tempo, busquei me manter atenta aos movimentos velozes na Internet e sempre tive a sensação de que ainda iríamos viver mais um momento decisivo de transformação, semelhante ao salto do analógico para o digital.
Alguns apostaram no metaverso como o propulsor dessa "nova era" da Internet, mas sinto que falta nele um componente essencial: utilidade real. O hype só pelo hype não se sustenta por muito tempo; ele se alastra como fogo e depois apaga para que venha a próxima modinha.
Afinal, por que buscamos e usamos tecnologias? Não é para resolver problemas e facilitar a nossa vida cotidiana? Ganhar tempo?
A Inteligência Artificial tem todos esses componentes e talvez seja por isso que ela esteja ganhando a corrida tecnológica para se tornar a estrela do momento.
A I.A é pop
Essa não é a primeira vez que esse assunto aparece por aqui. No ano passado, já estávamos falando sobre o iminente: a popularização dessas tecnologias. Conversamos sobre os robôs virando assistentes para tarefas domésticas, como a Alexa e os aspiradores, mas também cantamos a pedra da I.A em trabalhos criativos como produção de imagens e textos.
Popularização é uma palavra-chave para discutirmos esse assunto, pois o que pode trazer de fato um caráter transformador ou mesmo disruptivo para uma determinada tecnologia é o seu uso em larga escala.
O lançamento de plataformas gratuitas e intuitivas como o próprio ChatGPT esquentou a discussão, expandindo-a para novos círculos de conversa: a ferramenta atingiu 100 milhões de usuários ativos mensais em janeiro e é o app de crescimento mais rápido da história (InfoMoney).
Pesquisa que fizemos no Google Trends
Outro exemplo de como esse assunto vem ganhando espaço na mídia é a viralização da imagem do Papa Francisco vestindo uma jaqueta branca estilo puffer: posteriormente, foi apontada como uma criação do MidJourney - ferramenta de inteligência artificial capaz de gerar imagens hiper-realistas a partir de comandos em texto.
Vale a pena ver o carrossel completo no perfil @rolealeatorio
Se isso te parece uma brincadeira inofensiva, pense que o mesmo também acabou de acontecer com imagens falsas do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sendo (supostamente) preso. E o canal do MidJourney no Discord já tem 14 milhões de membros!
O que vai mudar?
Já é possível prever desdobramentos do que vem acontecendo, afinal, o futuro se constrói com as decisões que estão sendo tomadas no presente e que deixam seus rastros.
Segundo um estudo do Goldman Sachs, divulgado pela Newsletter The Shift, a I.A pode aumentar o PIB global anual em 7% ao longo de 10 anos com a automação de tarefas e afetar 300 milhões de empregos de alguma forma, com maior impacto nos mercados desenvolvidos do que nos emergentes.
Em seu relatório anual, apresentado no SXSW 2023, a futurista Amy Webb elencou a I.A como uma das principais tendências para os próximos anos. Segundo ela, essa tecnologia irá se entrelaçar na maior parte da nossa experiência digital. Já o Bill Gates, fundador da Microsoft, disse que chatbots inteligentes como o ChatGPT são a tecnologia mais importante e avançada em décadas e que a inteligência artificial é tão revolucionária quanto os celulares e computadores pessoais (Uol).
Não à toa, a corrida por essa liderança está frenética. Só em Março:
O pioneiro ChatGPT está aumentando a sua capacidade de acessos simultâneos, resolvendo bugs e sendo integrado ao Slack com a promessa de aumentar a produtividade (CanalTech). A OpenAI também fechou uma parceria com o Zoom para gerar resumos de reuniões, automaticamente (The Verge).
A Microsoft anunciou o lançamento do Copilot 365, um assistente de I.A para ajudar as pessoas a criarem seus e-mails, documentos e apresentações nos produtos do Office.
O Google também comunicou o lançamento de um sistema parecido no seu Workspace, em produtos como o Gmail e Google Docs, disponível em algumas localidades.
O Canva já tem seu "assistente mágico", que pode resumir ou expandir textos, sugerir imagens e elementos gráficos para construir apresentações e peças variadas.
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, negócio ou carreira?
Além de tudo que já falamos, o principal ponto que podemos deixar aqui como mensagem final é: não tenha medo de mudanças. O medo é uma emoção humana natural, que tende a aparecer quando estamos em frente ao desconhecido e nos paralisar.
Prefira buscar conhecimento para enfrentar, se equipar e se movimentar, enxergando a princípio essas ferramentas como suas co-pilotas, e não como inimigas.
Pense que existem muitas funções e profissões que, ao longo da história, simplesmente deixaram de existir, enquanto novas são criadas a todo tempo.
Querendo ou não, essa não é a primeira e nem a última vez que isso vai acontecer. Dentro do possível, busque diversificar suas habilidades, bem como suas fontes de receita.
Caso você esteja lançando um produto ou uma empresa nova agora, vale observar com cautela e realizar testes que possam avaliar o impacto da I.A sobre o seu atual modelo de negócio.
Por outro lado, pensando coletivamente enquanto sociedade, vamos precisar ampliar o escopo e o alcance das discussões sobre a regulação para um uso ético e responsável das inteligências artificiais.
Problemas como vazamento de dados, vieses preconceituosos com o fortalecimento do senso comum nos conteúdos gerados e a criação de imagens deepfakes envolvendo figuras públicas podem ser muito prejudiciais para nós, especialmente em períodos delicados como as Eleições em países ditos democráticos.
No meio dessa corrida entre gigantes, a aceleração desenfreada pode atropelar as necessárias reflexões e regulações - e isso talvez seja o mais preocupante nessa história toda.
Inclusive, uma carta assinada por mais de mil acadêmicos, executivos e especialistas está rodando com um pedido inusitado: uma pausa de 6 meses nos avanços das I.As, para que sejam estabelecidos sistemas de segurança com novas autoridades regulatórias, vigilância de sistemas, além de técnicas que nos ajudem a diferenciar as imagens reais das artificiais.
Segundo um trecho da carta, ninguém, nem mesmo seus criadores, podem entender, prever ou controlar essas máquinas de uma maneira confiável.
A Inteligência Artificial resolve problemas, enquanto cria outros?
E assim caminha a humanidade.
Eu poderia emoldurar essa frase:
“Nesta próxima fase, faremos com que seres humanos sejam apoiados por uma I.A colaboradora, que estará trabalhando em tempo real com eles.”
- Thomas Kurian, CEO do Google Cloud
Radar do futuro-presente
Conteúdo valioso: baixe gratuitamente aqui o Tech Trends Report - relatório anual de tendências elaborado pelo Future Today Institute, da Amy Webb.
Tecnologia para o bem: Startup utiliza inteligência artificial para detectar e reduzir incêndios florestais (Artemisia).
Bancos e cerveja: o ranking das marcas brasileiras mais valiosas em 2023, segundo a Interbrand. (PropMark)
Uma notícia boa: Google lança centro de transparência sobre publicidade (Meio & Mensagem).
Um @ para seguir: Nina da Hora - cientista, pesquisadora e hacker antirracista
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