Vamos por partes: as estratégias de conteúdo em tempos de consumo fragmentado
O que você prefere? Maratonar uma minissérie com 7 episódios de 30 minutos cada ou assistir a um filme inteiro de 3 horas e meia?
Taí uma pergunta capciosa, já que o tempo de ambos é o mesmo, certo?! Bem, nem tanto, posto que a nossa forma de consumir conteúdo vem mudando radicalmente nos últimos anos.
Se lá em 1997 a gente (aka millennials) fez fila na porta do cinema para assistir e chorar com Titanic, hoje a gente olha o tempo de duração de Assassinato na Lua das Flores e muitos de nós só pensam em duas alternativas: 1) Deixar pra depois; e 2) Dividir o filme em partes e ir assistindo devagarinho, como se fosse uma série.
Pois é, CoolReader, estamos vivendo a era do consumo fragmentado. E tudo que era apenas uma brincadeira foi crescendo, crescendo e reconfigurando a forma como a gente se informa, se entretém e aprende.
Já refletiu sobre isso?
Mas o que é consumo fragmentado mesmo?
O nome já diz tudo. O consumo fragmentado se refere à prática de consumir informações de forma fragmentada, descontínua e geralmente rápida, muitas vezes impulsionada pelo uso constante de dispositivos eletrônicos, redes sociais e outras fontes de informação instantânea.
Na verdade, não estamos falando de uma grande novidade. Em partes, o consumo fragmentado existe bem antes da internet, materializado primeiro nas radionovelas e, posteriormente, nas telenovelas, para citar dois exemplos. A diferença, no entanto, é que se a gente perdesse o episódio de uma rádio ou telenovela, dificilmente teria acesso a ele depois.
Outra diferença é que a forma e o tempo de duração daquilo que consumimos vêm mudando, com as superproduções dando mais espaço para a espontaneidade e o conteúdo longo dando mais espaço para o conteúdo curto. Ao menos nas redes sociais. Dos vídeos aos áudios do WhatsApp. De repente, parece que tudo está na velocidade 5 do créu, já percebeu?
Não é necessariamente uma questão de tempo…
Mas da forma como os nossos hábitos têm sido moldados pela tecnologia, principalmente em tempos de dominação algorítmica.
Se no passado a nossa geração era capaz de passar horas em frente a um aparelho de televisão, hoje o que a gente conhece como TV se pulverizou e passou a estar mais presente em nossas vidas do que nunca por meio das redes sociais, porém de um outro jeito e com uma ordem subvertida de criação e interação.
A mudança de comportamento, cuja tendência é transpor gerações, tem sido impulsionada pela geração Z, aquela que já cresceu com um dispositivo móvel na palma da mão e da qual até já falamos aqui.
De acordo com dados da plataforma PYXYS Inteligência Digital, quase 9 em cada 10 adultos da Geração Z nos EUA passam mais de uma hora por dia nas mídias sociais, e quase metade passa mais de 3 horas com as plataformas. Em relação aos outros grupos, a geração Z também é a que menos consome TV tradicional.
No que diz respeito às plataformas utilizadas, os dados apontam para 86% dos adultos da Geração Z usando o YouTube, 73,9% usando o TikTok e 69,9% usando o Instagram. Ou seja, mídias extremamente visuais.
Os efeitos na indústria criativa
Se tem mudança de comportamento, tem mudança na oferta de produtos e serviços e na forma de comunicá-los. Logo, a gente também observa toda uma indústria criativa se reinventando para não perder espaço diante do consumo fragmentado.
Este artigo recente da Fast Company abordou as saídas encontradas por diferentes plataformas de streaming para lançar a sua programação. Entre as estratégias adotadas, está o recorte de filmes antigos em vários episódios mais curtos. A iniciativa também surge em alternativa à pirataria e aos recortes que os próprios usuários já fazem dos filmes nas mídias sociais.
Como exemplos de filmes que foram reeditados e transformados em séries estão 'Austrália', 'Blackberry' e 'Os Oito Odiados'. Um outro exemplo, relativamente recente, foi quando, em 3 de outubro, a Paramount carregou na íntegra no TikTok o filme 'Meninas Malvadas', de 107 minutos, dividido em 23 partes.
Na literatura, algumas editoras já estão nascendo com um modelo de negócios voltado para o consumo fragmentado. Um exemplo é a Editora Pormenor, responsável pela edição de “minibooks” digitais, livros curtinhos escritos e editados para serem lidos pelo celular. A distribuição dos minibooks é feita por meio do aplicativo Skeelo, que possui acordo com boa parte das operadoras de telefonia móvel do Brasil.
Leia também: Para onde está indo sua atenção?
Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
Hoje a gente vai se segurar um pouco para não disparar o raio problematizador e falar do impacto do consumo fragmentado em nossa capacidade de concentração e apreensão do conhecimento. Em vez disso, vamos refletir sobre algumas maneiras de virar esse jogo a nosso favor.
Se a forma como a gente se informa e se entretém está mudando radicalmente, a forma como a gente compartilha conhecimento e aprende também. Por isso, desenhar experiências de aprendizagem na era do consumo fragmentado requer uma abordagem adaptativa e estratégias específicas para envolver as pessoas em ambientes físicos e digitais.
Aqui, listamos quatro práticas que podem ser úteis:
Estruturar conteúdos modulares e digestíveis: tal como dividir filmes em séries, dividir um conteúdo extenso em módulos menores e mais fáceis de consumir pode ser uma saída. Isso permite que as pessoas absorvam informações de maneira fragmentada, facilitando o aprendizado em pequenas doses.
Elaborar materiais multimídia atraentes: podemos contar com uma variedade de formatos de mídia, como vídeos curtos, infográficos, podcasts e animações, a nosso favor. Isso ajuda a manter o interesse das pessoas.
Desenhar experiências de aprendizagem personalizadas: adotar abordagens de aprendizagem personalizada, utilizando tecnologias adaptativas e avaliações diagnósticas para entender as necessidades individuais das pessoas. Isso permite oferecer conteúdo relevante e desafios adequados ao nível de cada um.
Possibilitar a aprendizagem móvel: é importante que os conteúdos sejam acessíveis em dispositivos móveis para que as pessoas possam aprender em movimento. Aplicativos educacionais e versões otimizadas para dispositivos móveis facilitam o acesso ao conhecimento em qualquer lugar e a qualquer momento.
Aqui na CoolHow, somos especialistas em desenhar experiências de aprendizagem que atendam a esses e outros requisitos. Inclusive, temos um depoimento super legal de uma das nossas clientes aqui. Se a sua empresa busca por melhores processos e aprendizagem, entre em contato com a gente e bora marcar uma conversa!
Para emoldurar e colocar na parede
“No digital ninguém consome um conteúdo sem parar por horas. Isso não existe. Você faz sessões fragmentadas, pulando de um app para outro e tem um tempo de atenção e foco muito menor do que antes. Ou seja, quando o consumidor pular para você de volta, você precisa entregar algo relevante em pouco tempo”
André Palme, CMCO (Chief Marketing & Content Officer) no Skeelo, em artigo na plataforma PublishNews
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