Igualdade salarial agora é lei... E ainda é só o começo!
A CoolBox de hoje começa com um tom mais otimista. É que desde o dia 4 de julho de 2023 está em vigor a Lei 14.611/2023, que garante que homens e mulheres na mesma função recebam remunerações iguais.
A nova lei não apenas busca garantir remuneração equitativa para funções idênticas, mas também tem como objetivo intensificar a vigilância contra práticas discriminatórias e facilitar os procedimentos judiciais. As medidas que devem ser tomadas pelas empresas também buscam incentivar a formação e a capacitação de mulheres, para que possam permanecer e evoluir no mercado de trabalho em condições iguais às dos homens.
A gente comemora sabendo que é um passo grande para a justiça do trabalho, mas segue em alerta porque ainda é um passo pequeno para a equidade de gênero.
Vamos falar mais sobre isso?
Um Nobel de Economia relacionado ao tema: coincidência, destino ou sincronicidade?
O tema da igualdade salarial não é novo, porém urgente. A prova disso é que, bem no momento em que temos a Lei 14.611/2023 entrando em vigor no Brasil, também presenciamos a entrega do Prêmio Nobel de Economia à professora Claudia Goldin, da Universidade de Harvard, por seus estudos sobre o papel da mulher no mercado de trabalho. Claudia é a terceira mulher a receber o prêmio Nobel e uma das economistas mais influentes do mundo, tendo conquistado diversos outros prêmios ao longo de sua carreira. Além disso, ela foi a primeira mulher a se tornar professora titular na faculdade de Economia de Harvard.
Desde o final dos anos 1980, Claudia analisa a economia do trabalho em duas áreas: a participação feminina no mercado de trabalho e a economia do casal, revelando o impacto do casamento e das responsabilidades familiares sobre as escolhas das mulheres e trazendo contribuições para o entendimento da desigualdade de gênero no âmbito profissional.
Seu livro mais recente, "Career and family: women's century-long journey towards equity" (Carreira e família: a jornada centenária das mulheres rumo à equidade), foi publicado em 2021 nos Estados Unidos e explora diversas questões da disparidade salarial desde os anos 1900 até os dias de hoje e que tem relação, inclusive, com a maternidade.
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O preço da maternidade
As coisas continuam nada fáceis para a mulher adulta. Tal como consta neste artigo da Forbes, os estudos de Claudia revelam que a desigualdade se acentua de um a dois anos após a mulher ter o primeiro filho.
Basta olhar as mulheres ao nosso redor. Quando pensamos sobre os cuidados com a família e as tarefas domésticas, observamos que a maior parte deles são feitos por elas. Isso, obviamente, tem impacto direto sobre suas escolhas profissionais, pois, ao se tornarem mães, muitas mulheres acabam reduzindo sua jornada de trabalho, buscando empregos com menor demanda e maior flexibilidade.
E como estão os números no Brasil?
Conforme dados do IBGE, no Brasil, em 2019 as mulheres dedicaram quase o dobro do tempo que os homens aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos: 21,4 horas contra 11 horas semanais.
Em 2019, a taxa de participação das mulheres na força de trabalho foi 54,5%. Entre os homens, esta medida chegou a 73,7% - uma diferença de 19,2 pontos percentuais. A taxa mede a parcela da população em idade laboral (15 anos ou mais de idade) que está na força de trabalho (ou seja, trabalhando ou procurando trabalho e disponível para trabalhar).
E quando falamos sobre remuneração, os dados são ainda mais alarmantes: mulheres recebem, em média, 78% do rendimento dos homens, isto é, uma diferença de mais de 20%.
O caminho - forçado - do empreendedorismo
De acordo com dados do LinkedIn, publicados no Global Gender Gap Report 2022 do Fórum Econômico Mundial, a porcentagem de mulheres empreendedoras aumentou 41% em 2020, o que pode ser explicado pela busca de maior flexibilidade de horários e pela responsabilidade em cuidar da casa e da família.
No entanto, como também afirma este artigo da Exame, sabemos que muitas mulheres estão empreendendo não por escolha, mas pela dificuldade de se recolocar no mundo corporativo aliada à necessidade de conciliar o trabalho e os cuidados com a casa e com os filhos.
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Pergunta do milhão: como isso impacta minha marca, carreira ou negócio?
A promulgação da Lei 14.611/2023 representa um marco importante e fundamental na busca por igualdade de gênero no mercado de trabalho, garantindo não apenas remunerações iguais para funções iguais, independentemente do gênero, como também tornando possível a reivindicação desse direito por parte das mulheres.
Tudo isso, aliado à notícia de que o Prêmio Nobel de Economia foi conferido à professora Claudia Goldin, que há tantos anos desenvolve pesquisas nessa área, destaca a relevância desse tema em escala global.
No entanto, os desafios persistem e a maternidade e os cuidados domésticos continuam sendo pontos críticos na desigualdade de gênero, como demonstram os dados. Por isso, para alcançar uma verdadeira equidade, é fundamental abordar não apenas a disparidade salarial, mas também as estruturas sociais e as normas que perpetuam essas desigualdades.
Igualar os salários é um grande passo, mas é preciso ir além, com o desenvolvimento de políticas flexíveis de trabalho para que todos possam se responsabilizar pelo cuidado com as tarefas parentais e de casa. E você, já pensou nisso?
Aqui na CoolHow, nossos times estão prontos para desenvolver soluções em aprendizagem corporativa capazes de atender a esses e outros desafios da sua empresa. Acreditamos e trabalhamos para um ambiente corporativo mais saudável para as mulheres e uma sociedade mais justa com todos.
Precisando pensar em como alcançar uma maior igualdade de gênero na sua empresa? Vamos conversar!
Para emoldurar e colocar na parede
“Nunca teremos igualdade de gênero até que tenhamos equidade entre os casais”.
Claudia Goldin, economista, vencedora do Prêmio Nobel de Economia 2023
Radar do Futuro-Presente
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“Pessoas solitárias podem pensar sobre personagens de ficção do mesmo jeito que pensam sobre seus amigos.” Cientistas podem ter descoberto ligação entre Game of Thrones e a epidemia de solidão Fast Company
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