Estou começando o rascunho desse texto em uma segunda-feira, no feriado do Dia do Trabalhador. Eu preferia estar descansando, mas a minha criatividade fluiu e eu admito que faço parte de um grupo privilegiado de pessoas que:
Gostam do que fazem.
Podem fazer esse trabalho do qual gostam no conforto de suas casas, distribuindo as demandas nos horários em que se sentem mais produtivas e de acordo com suas agendas de compromissos pessoais e profissionais.
(Nem isso me impediu de passar pelo Burnout, mas isso fica para uma próxima conversa).
Além disso, o assunto da semana tem tudo a ver com o feriado e nem poderia ser outro: futuros possíveis da nossa relação com o trabalho. Vamos lá?
Cara crachá
O Web Summit está acontecendo pela primeira vez na América Latina, no Rio de Janeiro, e realizou sua noite de abertura bem no Dia do Trabalhador. Achei simbólico.
Nós passamos cerca de ⅓ da nossa vida trabalhando.
É de se esperar que o trabalho seja um assunto central e importante para a sociedade, em diferentes épocas que vivemos até aqui. Por mais que a cultura "FariaLimer" tenha bastante força aqui no Brasil, especialmente nesse ecossistema de inovação e startups, também acho simbólico que o evento esteja acontecendo no Rio e não em São Paulo, o centro industrial e comercial do país.
Como carioca da gema, posso dizer que o Rio tem muito a ensinar nesse assunto, pois é uma cidade que ainda teima em resistir pelas frestas do workaholism (vício em trabalho). Sem alimentar rivalidades bobas entre as cidades, fato é que o Rio é uma cidade repleta de belezas naturais que nos levam a querer viver o mundo lá fora.
Para isso precisamos desacelerar, pelo menos um pouquinho, e tentar encontrar um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional, ainda que às vezes tudo pareça estar junto e misturado.
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Sabe aquela imagem da pessoa super atarefada, que está sempre correndo e fazendo milhões de coisas, sem tempo nem para respirar? Pode ser que um dia a gente tenha projetado isso como modelo único de sucesso, como se estar ocupada ajudasse a construir a imagem glamourosa de ser alguém "importante", mas me arrisco a dizer que isso já está ficando bem ultrapassado e fora de moda.
Com os traumas da pandemia, muita gente vem buscando um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional e as empresas precisam estar atentas a esses movimentos.
Afinal, o tempo não volta.
As discussões sobre saúde e bem-estar no trabalho estão ganhando mais força e precisamos enxergá-las como problemas coletivos, não individuais. Aqui na CoolBox já abordamos anteriormente e com mais profundidade dois possíveis caminhos, que lidam diretamente com essa questão:
A semana de 4 dias úteis, que já é uma realidade em muitos lugares, resultando em maiores índices de felicidade e produtividade.
O trabalho remoto, que reduz o estresse e tempo gastos no trânsito, diminui índices de emissão de CO2 na atmosfera, favorece a diversidade e a descentralização das oportunidades. Ainda assim, ele continua sendo negligenciado por muitas empresas e visto como suposto vilão da produtividade, da comunicação e da integração de times.
Se cuidar das pessoas que trabalham na sua empresa não é um motivo forte o suficiente para olhar para essa questão, pense na flexibilidade como chave para a atração e retenção de talentos. Além disso, o Burnout já foi reconhecido como doença ocupacional e a sua empresa pode ser responsabilizada por isso.
Carreiras não-lineares
Outra tendência no futuro do trabalho que temos mapeado por aqui é o crescimento das carreiras não-lineares (Forbes). Com o aumento dos horizontes trazidos pela Internet e pelo avanço tecnológico de forma geral, nossas possibilidades para as escolhas estão aumentando.
Assim, estamos acompanhando uma mudança de mentalidade em que as empresas consideram contratar com base em habilidades, ou seja, no que a pessoa sabe de fato fazer e não só no diploma que ela tem. É claro que existem diversas profissões com regulamentações próprias para o seu exercício, como a Medicina e o Direito, que exigem diplomas e não se aplicam aqui.
Porém, de forma geral, uma transição de carreira deixa de ser um bicho de sete cabeças e pode passar a ser vista com mais naturalidade, como fruto de crescimento pessoal, processos de autoconhecimento e outras razões.
Não precisamos ser uma coisa só.
Isso tem um lado bonito e filosófico, mas também um outro lado mais perverso: com as crises econômicas, essas mudanças podem acontecer não por opção e sim por necessidade.
Arte: Nico Ilustraciones
O impacto da Inteligência Artificial
Permeando todas essas questões, temos ainda as inteligências artificiais se tornando mais acessíveis e chegando em trabalhos criativos como fotografia, design e redação.
Ainda está cedo para dimensionarmos o real impacto em todas as esferas, mas a Goldman Sachs estima que as I.A.s podem afetar até 300 milhões de empregos em todo o mundo (CNN) e esse é com certeza o assunto do momento no mercado.
Voltamos na semana que vem com um download comentado do WebSummit Rio e aí falamos mais sobre isso, combinado?
Eu poderia emoldurar essa frase
"Não se pode encontrar a solução de um problema, usando a mesma consciência que criou o problema. É preciso elevar sua consciência."
- Albert Einstein
Radar do Futuro-Presente
Uma conversa: Grazi Mendes falando sobre Q.I (quem indica), Networking e falácias da meritocracia no MIT Sloan Review.
Um episódio de podcast: pessoas 60+ querem ser vistas como seres desejantes (Next Now)
Sobre o Dia das Mães: Brasileiros pretendem gastar em média R$ 200 (Propmark)
E o PL das Fake News, hein?: A votação na Câmara dos Deputados foi adiada. Vale acompanhar. (UOL)
Inspiração: Empreendedora usa IA para medir maturidade em ESG nas empresas, com a plataforma Nossa Praia (Forbes)
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Muito boa essa ilustração dos palhaços tristes.